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No século XX, algumas correntes vanguardistas e radicais passaram a associar o feminino às linguagens e expressões artísticas que se manifestam livremente, ao dissimularem diante do próprio objeto e se animalizarem como um corpo que perde a sua “articulação” – o feminino nas artes, desse modo, passou a provocar a libertação das formas instituídas. Em 2016, inspirada nos conceitos das escrituras de Clarice Lispector, Veronica Stigger estreia a exposição O útero do mundo no MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo –, que reúne uma série de artistas contemporâneos que exploram o corpo “indomável”, corpo, este, que se liberta das anatomias e das ordens biológicas e sociais. No mesmo ano, Stigger publica o livro Sul (2016), no Brasil, e oferece à literatura contemporânea uma linguagem que encena entre a verdade/mentira, realidade/ficção, normalidade/anormalidade e, também, puro/impuro através da temática do corpo feminino. Em vista disso, pretende-se identificar por meio da análise de seu livro os mecanismos que a escritora evoca para desmembrar o corpo do texto literário, ao mesmo tempo em que encena e questiona a própria linguagem. É diante das reflexões acerca da sexualidade como transgressão, levantadas por pensadores como Foucault e Artaud, e utilizando estudos literários sobre o feminino na linguagem, bem como a crítica feminista para dar suporte à reflexão do tema, que esta monografia pensará no modo que a escritora transgride na contemporaneidade a partir dos desmembramentos e libertação dos corpos em sua escritura. |
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