Avaliação da inclusão dietética de Schizochytrium sp., rica em ácido docosahexaenóico, para tilápia-do-Nilo

Abstract

Este estudo avaliou a inclusão de ALL-G-RICH®, fonte de ácido docosaexaenoico (22:6 n-3, DHA), na dieta de tilápia-do-Nilo e seu efeito sobre índices de desempenho, acúmulo de ácidos graxos corporais e potencial dano oxidativo à biomoléculas. Um ensaio alimentar com juvenis (peso médio inicial 8,35 g) avaliou níveis de inclusão de ALL-G-RICH®, a saber: 0,0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0%. Foi também avaliada uma dieta controle, contendo óleo de fígado de bacalhau (OFB), com nível de DHA comparável à inclusão de 1% de ALL-G-RICH®. A inclusão de ALL-G-RICH® na dieta de tilápia-do-Nilo, apesar de não influenciar o ganho em peso, taxa de crescimento específico, conversão alimentar e taxa de retenção proteica, influenciou o perfil de ácidos graxos corporais, promovendo o acúmulo de DHA. Houve acúmulo significativamente maior de DHA nos peixes alimentados com OFB, em comparação com àqueles alimentados com conteúdo similar de DHA na forma de ALL-G-RICH®. Também foi realizado ensaio de digestibilidade alguns dos nutrientes presentes no ALL-G-RICH®, utilizando-se óxido de ítrio como marcador (0,1% da dieta referência), coleta de fezes por sedimentação e peixes com 65,86 g de peso médio inicial. A digestibilidade foi alta para o DHA (96,10%), entretanto foi baixa para ácido palmítico (70,81%), outro ácido graxo presente em grande quantidade no referido aditivo. Foram testados seis índices para avaliar se as altas inclusões dietéticas de DHA ou OFB causariam dano oxidativo à biomoléculas na tilápia, sendo eles o ensaio cometa, TBARS, detecção de malondialdeído por HPLC, detecção de adutos de proteína (dot blot) de malondialdeído e 4-hidroxinonenal e carbonilação de proteínas. Não foram encontradas evidências que a inclusão de ALL-G-RICH® causa dano oxidativo à biomoléculas. Os resultados mostram que a inclusão de ALL-G-RICH® até 4% na dieta não prejudicou o desempenho de juvenis de tilápia-do-Nilo e se mostrou eficiente para promover o acúmulo de DHA corporal, sem provocar dano oxidativo à biomoléculas.

Abstract : This study evaluated the inclusion of ALL-G-RICH®, a source of docosahexaenoic acid (22: 6 n-3, DHA) in the diet of Nile tilapia and its effect on growth, feed conversion, body accumulation of fatty acids, and potential cellular oxidative stress. A feeding trial with juvenile tilapia (mean initial weight 8.35 g) evaluated different inclusions of ALL-G-RICH®: 0.0, 0.5, 1.0, 2.0 and 4.0 %. A control diet was also evaluated, containing cod liver oil (OFB), whose DHA level was comparable to the diet 1% ALL-G-RICH®. The inclusion of ALL-G-RICH® did not affected weight gain, specific growth rate, feed conversion and protein retention rate, but influenced body fatty-acid profile, promoting the accumulation of DHA. There was a significantly higher accumulation of DHA in OFB-fed fish compared to those fed similar DHA content in the form of ALL-G-RICH®. Selected nutrient digestibilities were also performed with ALL-G-RICH®, using yttrium oxide as an inert marker (0.1% reference diet), collection of feces by sedimentation, and fish with 65.86 g initial weight. The apparent coefficient digestibility was high for DHA (96.10%), however it was low for palmitic acid (70.81%), another fatty acid found in considerable amount in the referred additive. Six indexes were tested to evaluate if high inclusions of DHA as ALL-G-RICH® or OFB could promote cellular oxidative stress, such as comet assay, TBARS, malondialdehyde detection by HPLC, detection of malondialdehyde and 4-hydroxynonenal protein adducts (dot blot) and protein carbonylation. No evidence was found that inclusion of ALL-G-RICH® causes oxidative stress. The results show that the inclusion of up to 4% ALL-G-RICH in the diet did not affect performance of Nile tilapia juveniles and was very efficient to further accumulation of body DHA, without promoting cellular oxidative stress.