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Esta monografia aborda a ligação entre relações sociais e transformações da paisagem através de uma perspectiva que abarca a ação de humanos e não humanos, para além da dicotomia “Natureza/Cultura”. O foco analítico recai sobre a área em que foi instaurada a Estação Florestal do Rio Vermelho, atual Parque Estadual do Rio Vermelho (PAERVE - Florianópolis/SC), para fins de silvicultura com espécies exóticas, principalmente o pínus, numa iniciativa que unia setor privado e Estado. A ideia da pesquisa surgiu a partir do trabalho de campo do autor como pesquisador-assistente na elaboração de laudo antropológico sobre a comunidade quilombola Vidal Martins, ao ouvir narrativas dos membros da comunidade sobre a expropriação de seu território pelo Estado para instauração da estação. Num primeiro momento, analisa-se documentos relativos à estação e narrativas de membros da comunidade para refletir sobre percepções e práticas que conceberam o projeto de silvicultura na estação, projeto de paisagem marcado por uma racionalidade moderna, objetivando a homogeneização e purificação da paisagem, apagando marcas e inscrições que atestavam a ocupação e trânsito dos habitantes locais, e desmatando a mata de restinga. Num segundo momento, através de uma etnografia da paisagem do PAERVE, procura-se entender os desdobramentos deste projeto, que inesperadamente levaram a um complexo processo de produção de diversidade, com novos elementos produzidos através de fricções com este projeto moderno, proporcionando a formação de híbridos na paisagem imprevistos pelos agentes estatais, tais como a organização dos Vidal Martins enquanto comunidade quilombola e a proliferação desenfreada do pinheiral. |
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