Mudança organizacional e possíveis repercussões sobre os trabalhadores

Abstract

Este estudo pretende identificar as reações de servidores públicos federais durante um processo de mudança organizacional, possíveis repercussões em sua saúde e as estratégias coletivas elaboradas por eles. O contexto é de uma Escola Agrícola que passou pela desvinculação da Universidade Federal de Santa Maria, no RS, para tornar-se Instituto Federal de Ensino. Partiu-se da premissa que, de alguma forma, os trabalhadores usaram estratégias, a fim de se proteger individual e coletivamente das incertezas que as mudanças provocaram. Por se tratar de um estudo que envolve a subjetividade humana nas relações de trabalho, utilizou-se a metodologia qualitativa. A pesquisa foi composta em três momentos: Primeiramente a revisão histórica documental sobre o processo de migração e uma revisão bibliográfica sobre o caráter dual da Educação. Também foram revisados aspectos da Saúde do Trabalhador com ênfase na saúde mental, além de conceitos de Mudanças Organizacionais e Reações à mudança. Foram selecionados os trabalhadores a serem entrevistados e a eles aplicadas entrevistas semiestruturadas, participaram as categorias Docente e Técnicos Administrativos em Educação(TAE)que estavam presentes na escola durante o período. A partir da análise dos dados foram estipuladas três macro-categorias: reações à mudança, possíveis repercussões na saúde dos trabalhadores e estratégias coletivas adotadas. Foram encontrados como resultados: o processo de mudança foi considerado longo e desgastante. A presença do medo e de insegurança em relação às carreiras foi presente no estudo, porém a mudança foi vista também como uma oportunidade de crescimento institucional. Os atores utilizaram estratégias de cooperação coletiva formando comissões de visitação e de estudo de viabilidade, as quais ofereceram mais segurança ao grupo dando suporte à mudança. As repercussões identificadas com frequência foram: insônia, ansiedade, stress, aumento da jornada de trabalho, aumento da Pressão Arterial, decepção, perda de sentido e da motivação para trabalhar. A identidade forte foi percebida como um obstáculo para a mudança organizacional.

Abstract : This study aims to identify the reactions of federal public servants during a process of organizational change, possible repercussions on their health and the collective strategies elaborated by them. The context is of an Agricultural School that went through the untying of the Federal University of Santa Maria, RS, to become Federal Institute of Education. It started from the premise that, in some ways, the workers used strategies, in order to protect individually and collectively the uncertainties that the changes caused. Because, it is a study that involves human subjectivity in work relations, the qualitative methodology was used. The research was composed in three moments: First the historical documentary review on the migration process and a bibliographical review on the dual nature of Education. Also reviewed aspects of Worker's Health with emphasis on mental health, as well as concepts of Organizational Change and Reaction to change. We selected the workers to be interviewed and applied semistructured interviews, the categories of Teachers and Administrative Technicians in Education (TAE) who were present at the school during the period participated. From the data analysis, three macro-categories were established: reactions to change, possible repercussions on workers' health and collective strategies adopted. They were found as results: the process of change was considered long and exhausting. The presence of fear and insecurity regarding careers was present in the study, but the change was also seen as an opportunity for institutional growth. The actors used strategies of collective cooperation forming commissions of visitation and of feasibility study, which offered more security to the group giving support to the change. The frequently identified repercussions were: insomnia, anxiety, stress, increased work hours, increased blood pressure, disappointment, loss of consciousness and motivation to work. Strong identity was perceived as an obstacle to organizational change.