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Ao longo do século XX, memorialistas e historiadores construíram uma identidade açoriana para o litoral de Santa Catarina e para isso foi necessário negligenciar e silenciar outras culturas, como a cultura dos africanos e de seus descendentes que também viviam na região desde o século XVIII. Em meio a esse cenário, o artista Franklin Joaquim Cascaes produziu um acervo artístico que foi apropriado para, em partes legitimar essa identidade europeia. Para isso, aspectos da sua obra foram deixados de lado, e deram ênfase para o “universo açoriano”. Seus escritos pessoais, seus cadernos e manuscritos, contêm relatos sobre africanos e afrodescendentes no cotidiano da Ilha de Santa Catarina, transposto para suas esculturas e desenhos. Percebemos que não foi algo impensado, mas o artista utilizou-se de métodos para retratá-los. Cascaes narrou histórias da presença africana, não apenas no período da escravidão, mas no pós-abolição, com suas festas, danças e religiosidade. Utilizamos entre outras obras, os conjuntos de esculturas: Dança do Cacumbi, Dança dos pretos velhos do Caxangá e as Procissões da Mudança e Senhor Jesus dos Passos. Por meio destas obras buscamos analisar seus métodos e sua visão dos espaços em que estes homens e mulheres estavam inseridos na sociedade catarinense. |
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