Abstract:
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Uma escrita em negativo, despersonalização do próprio sujeito que escreve, uso do soneto e, ao mesmo tempo, recurso de formas dialogantes, todos esses são traços que podem ser atribuídos à poesia moderna. Ou, pelo menos, a certa tendência da poesia de romper com algumas categorias tradicionais, em especial modo com a chamada lírica. Até aqui tudo bem!
Acontece que essas marcas já podem ser encontradas na poesia medieval italiana, nos textos de Guido Cavalcanti (1255-1300), poeta do Dolce Stil Novo. Poeta dramático, melancólico e irônico, que sabe usar muito bem os instrumentos de seu laboratório – como veremos no poema abaixo –, criando inclusive uma dramaticidade, uma performance completamente inovadora na articulação das palavras no verso e nas construções semânticas de seus textos. Um poeta medieval que antecipa a modernidade? Provavelmente sim. |