Abstract:
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Lendo esse texto de Nancy (Eccezione virale), encontro os traços que desde sempre o caracterizaram – em particular uma generosidade intelectual que eu mesmo pude experimentar no passado, tirando ampla inspiração de seu pensamento, sobretudo nos meus trabalhos sobre a comunidade. O que num certo momento interrompeu nosso diálogo foi a nítida aversão de Nancy ao paradigma da biopolítica, ao qual ele sempre opôs – como também nesse texto – à relevância dos dispositivos tecnológicos – como se as duas coisas fossem necessariamente contrastantes. Ao passo que, na verdade, até o termo “viral” indica uma contaminação biopolítica entre diferentes linguagens – políticas, sociais, médicas, tecnológicas –, unificadas pela mesma síndrome imunitária, entendida como polaridade semanticamente contrária ao léxico da communitas. Apesar de o próprio Derrida ter abundantemente feito uso da categoria de imunização, provavelmente a recusa de Nancy de se confrontar com o paradigma da biopolítica pode ter tido influência da distonia que herdou de Derrida em relação a Foucault. Estamos falando, de toda forma, de três entre os maiores filósofos contemporâneos. |