Diversidade de gênero: um estudo sobre a violência simbólica sofrida por profissionais homossexuais masculinos nas organizações

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo compreender a violência simbólica a partir da percepção e das vivências de homossexuais masculinos nos ambientes organizacionais. Para tanto, realizou-se um estudo de caso com o propósito de obter informações acerca da experiência desses profissionais nas organizações com o tema da violência simbólica. A abordagem da pesquisa é de caráter qualitativo, pois pretendeu-se entender essa violência por meio de entrevistas, compreendendo e interpretando, portanto, as vivências dos sujeitos nas organizações em que atuaram. A coleta de dados procedeu-se mediante entrevistas semiestruturadas com 12 profissionais homossexuais masculinos e com no mínimo cinco anos de experiência profissional, a julgar que com esse período de vivência no mercado de trabalho seja mais provável que os sujeitos tenham experiência suficiente para refletir sobre as ocorrências de violência simbólica. Os relatos foram apreciados por meio da técnica de análise interpretativa, visando a um juízo crítico sobre as experiências dos entrevistados nos espaços organizacionais. Por meio da análise de dados, foi possível observar que os participantes, por estarem inseridos em ambientes de trabalho heteronormativos, omitiam ou tinham dificuldades em assumir a sua sexualidade, além de se sentirem julgados e com medo de se expor. Ademais, os entrevistados eram alvos frequentes de piadas homofóbicas, olhares e risos, denotando, dessa forma, a discriminação e o preconceito nas organizações em que atuavam. Sendo assim, observou-se as categorias heteronormatividade, dominação masculina, medo, julgamento e humilhação na análise das entrevistas. O trabalho é concluído com algumas reflexões que visam a contribuir para as relações de trabalho nos ambientes organizacionais.

This research aims to understand symbolic violence based on the perception and experiences of male homosexuals in organizational environments. A case study was then carried out in order to obtain information about the experience of these professionals in organizations in regard to symbolic violence. The research had a qualitative approach, because it was intended to comprehend this type of violence through interviews, which enabled us to understand and interpret the experiences of the subjects in the organizations in which they worked. The data collection was carried out through semi-structured interviews with 12 male homosexual professionals with at least five years of professional experience, judging that with this period of experience in the labor market it is more likely that they have enough experience to reflect on possible occurrences of symbolic violence. The reports were examined through the technique of interpretative analysis, aiming at a critical judgment on the experiences of the interviewees in organizational spaces. Through data analysis, it was possible to observe that the participants, because they were inserted in heteronormative work environments, omitted or had difficulties assuming their sexuality, besides feeling judged and afraid to expose themselves. Furthermore, the interviewees were frequent targets of homophobic jokes, looks and laughter, which denote discrimination and prejudice in the organizations where they worked. Thus, the categories of heteronormativity, male domination, fear, judgment, and humiliation were observed in the analysis of the interviews. The research is concluded with some reflections that aim to contribute to work relations in organizational environments.