Abstract:
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O presente trabalho propõe reflexões sobre o filme Mãe só há uma enquanto encenação de descompassos cujos desdobramentos são férteis para pensar tensões entre imagens e palavras no contexto da arte brasileira contemporânea, em seus efeitos estético-políticos.
O capítulo I debruça-se sobre a recepção crítica do filme Mãe só há uma, sobretudo artigos de opinião escritos no ano de divulgação do filme, de maneira a procurar identificar critérios de entendimento de arte que fundamentassem tais discursos. A partir das demandas levantadas pela leitura do material, propõe uma revisão teórica do espaço contrariado da fábula na história do cinema a partir de Jacques Rancière, em conexão com os desdobramentos da questão na crítica e teoria do cinema.
O capítulo II propõe uma reflexão sobre a questão da nomeação no filme, tomada enquanto encenação de diferentes modos de desidentificação. Produzem-se, visto isso, aproximações com fragmentos de literatura contemporânea que compartilham procedimentos afins, de maneira a investigar tais efeitos.
O capítulo III procura compreender a potência política em Mãe só há uma a partir de uma reflexão sobre o realismo em jogo no filme. Para isso, é preciso retomar o espaço do cinema na relação entre lógica representativa e abundância de detalhes, e, ainda, naquela que articula ficção e democracia.
Finalmente, o capítulo IV pensa o espaço da poesia no filme, presença impertinente, ao mesmo tempo em que reconhece rastros do procedimento poético imbricados na criação fílmica. |