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Analisaremos a obra “O Decamerão”, escrita por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353 enquanto uma literatura que permeia problemas e acontecimentos que se passaram na vida cotidiana e simbólica da sociedade medieval florentina. Analisaremos, mais especificamente, o proêmio e a Jornada de Pampineia, onde a obra se estrutura a partir da decisão que dez personagens tomam de se retirarem para fora dos muros da cidade em decorrência da peste bubônica. Buscamos analisar, a partir da fonte, quais as justificativas para a eclosão da peste, como a sociedade lidou com ela neste período e quais as estratégias sugeridas para sobreviver neste contexto. Metodologicamente, analisaremos a obra através da perspectiva de Reinhart Koselleck (2006) acerca do espaço de experiência e horizonte de expectativa, mas aplicados à Idade Média. Demonstraremos como a peste bubônica, sendo a presentificação do castigo divino, incitado pela má conduta do corpus social, desencadeia um trauma de longa duração que possibilita a construção de uma utopia no Decamerão. Tal utopia, articulada através de uma diversidade cultural própria da Idade Média, parece sugerir a modificação do comportamento social e institucional, de forma a garantir a sobrevivência humana. |
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