Abstract:
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A presente pesquisa buscou analisar as ideias e práticas pedagógicas construídas por movimentos sociais do campo à luz de sua trajetória histórica e política, e como se relacionaram, ao longo do tempo, com as transformações que ocorriam nos debates mais amplos sobre educação no Brasil, tendo como recorte temporal o período entre 1950 e 2010. Tendo em vista o contexto de pandemia do novo Coronavírus e a dificuldade de realização de trabalho de campo, nossa pesquisa foi feita com base inteiramente bibliográfica e documental. Primeiramente realizamos um levantamento bibliográfico sobre a trajetória histórica da Educação do Campo (EdoC) no Brasil, suas concepções pedagógicas e políticas. Em seguida, fizemos um levantamento sobre as contribuições educacionais e pedagógicas de movimentos do campo que a antecederam e que lhe deixaram um importante legado: as Ligas Camponesas, o Movimento de Educação Pela Base (MEB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Por fim, relacionamos esses levantamentos com textos que contextualizassem as ideias pedagógicas e as lutas sociais do campo de cada período, passando pelo momento de forte ideário nacional desenvolvimentista dos anos 1950 e 1960, pela ditadura empresarial militar dos anos 1960 e 1970, pelo período de redemocratização dos anos 1980 e pela ascensão do ideário e de práticas neoliberais e pós-modernas nos anos 1990 e 2000. Demonstramos a importância de situar a ação pedagógica de movimentos sociais do campo em relação às principais disputas e conflitos de interesse presentes na sociedade de forma ampla, de modo a lançar luz sobre a complexa relação entre movimentos sociais, Estado (políticas públicas e universidades), organismos internacionais (com destaque para a UNESCO), Igreja católica (com destaque para a CNBB) e setor privado, que estão permanentemente em relação ora de colaboração, ora de enfrentamento/resistência, ora de cooptação. |