Trabalho e saúde mental na atenção primária à saúde em Florianópolis: uma cartografia das experiências das(os) trabalhadoras(es) do SUS

DSpace Repository

A- A A+

Trabalho e saúde mental na atenção primária à saúde em Florianópolis: uma cartografia das experiências das(os) trabalhadoras(es) do SUS

Show full item record

Title: Trabalho e saúde mental na atenção primária à saúde em Florianópolis: uma cartografia das experiências das(os) trabalhadoras(es) do SUS
Author: Pereira, Liana Cristina Dalla Vecchia
Abstract: Nesta pesquisa, tivemos o objetivo de analisar como a relação entre trabalho e saúde mental se apresenta nas normativas do SUS e nas experiências do trabalho na atenção primária à saúde (APS) em Florianópolis. Realizamos uma análise documental e entrevistas individuais de modo presencial com vinte trabalhadoras/es da APS em 2018, além da participação nas conferências municipais de saúde em 2019. Utilizamos a cartografia como caminho metodológico por possibilitar acompanhar processos em construção, entendendo que o conhecimento é produzido e transformado nos encontros. A rede de saúde de Florianópolis está organizada em quatro distritos sanitários (DS): centro, continente, norte e sul. Escolhemos um centro de saúde de cada DS para contemplar diversos contextos de vida. Participaram das entrevistas: 4 enfermeiras, 4 agentes comunitárias de saúde, 4 médicas/os, 4 técnicas de enfermagem, 2 assistentes sociais e 2 psicólogas. Nas normativas do SUS, a categoria trabalho é situada como determinante social da saúde (DSS) que compõe a área da saúde do trabalhador/a (STT) e se apresenta nas estratégias para qualificar o trabalho em saúde. Entendemos que o trabalho como DSS interfere na produção do cuidado à população e afeta a saúde das/os trabalhadoras/es da saúde. Nesta linha, propusemos uma dupla perspectiva de análise para conhecer como a relação trabalho-saúde mental perpassa os atendimentos na APS e como o trabalho na APS afeta a saúde mental das/os profissionais da APS. O mapeamento das normativas aponta para a desatenção ao campo da STT no SUS. Na relação trabalho-saúde mental, prevalece a subnotificação, ações pontuais e adoção de modelos centrados na doença com intervenção medicalizante. As estratégias para qualificar o trabalho na saúde deixaram de ser priorizadas com o desfinanciamento e mudanças no cenário político, desvalorizando o trabalho e os/as trabalhadores/as do SUS. As equipes da APS lidam com diversas formas de sofrimento relacionado ao trabalho que se manifestam, muitas vezes, pelas dores no corpo. Destacam as situações de violência, como o assédio moral e sexual, além das lesões que limitam as atividades, despertando ansiedade e angústia. As práticas de cuidado em STT envolveram: a disponibilidade para acolher, escutar e acompanhar os processos da vida; a abertura para significar os sintomas no contexto, acionar sentidos, e pensar possibilidades com a/o usuária/o; e articular o cuidado em rede no território. Perspectivas identificadas como potentes, embora ocupem um lugar menor na saúde. As/os interlocutoras/es expressam a sensação de impotência frente à expectativa de resolver as situações, identificando a importância de reconhecer os limites. Apontam como potencialidades do trabalho na APS: a parceria da equipe em compartilhar o cuidado e dinamizar as práticas; a autonomia e abertura para construir o processo de trabalho coletivo; sentir afinidade com o trabalho e sua valorização; perceber o alcance de suas ações; e trabalhar com o ensino. Expressam a insatisfação com a gestão municipal pelas decisões verticais e pelo corte dos direitos dos/as servidores/as. O cenário de desproteção social e desmonte das políticas públicas constitui outro obstáculo para o trabalho na APS. A fragilização da dimensão coletiva diminui a potência de agir das equipes, fomentando processos de sofrimento-adoecimento. As narrativas situam a necessidade de estratégias de cuidado para as/os profissionais da APS, em especial no âmbito da saúde mental.Abstract: In this research, we aimed to analyse how the relationship between work and mental health is presented in the SUS regulations and in the work experiences in primary health care (PHC) in Florianópolis. We carried out a documentary analysis and individual interviews in person with twenty PHC workers in 2018, in addition to participating in municipal health conferences in 2019. We use cartography as a methodological path because it enables to follow processes under construction, understanding that knowledge is produced and transformed in meetings. Florianópolis' health network is organized into four health districts (HD): centre, continent, north and south. We chose one health centre for each HD to cover different life contexts. The interviews included: 4 nurses, 4 community health agents, 4 physicians, 4 nursing technicians, 2 social workers and 2 psychologists. In SUS regulations, the category of work is situated as a social determinant of health (SDH) that integrates the worker?s health (WH) area and is presented in strategies to qualify health work processes. We understand that work as SDH interferes in the healthcare for the population and affects the health of health workers. In this line, we proposed a double perspective of analysis to know how the work-mental health relationship permeates the care provided by PHC teams and how work in PHC affects the mental health of PHC professionals. The mapping of SUS regulations points to inattention to the HW field in SUS. In the work-mental health relationship, underreporting, punctual actions, and the disease-centered models with medical intervention prevail. Strategies to qualify work processes in health are no longer prioritized with unfunding measures and changes in the political scenario, devaluing work and SUS workers. PHC teams deal with various forms of work-related suffering that are often manifested by body pain. They highlight situations of violence, such as moral and sexual harassment, in addition to injuries that limit activities, arousing anxiety and anguish. WH care provided by PHC teams involved: availability to listen and follow up life processes; the openness to meaning the symptoms in the context, triggering senses, and thinking about possibilities with the user; and articulate care in a network in the territory. Perspectives identified as potent, although they occupy a minor place in health sector. The interlocutors express the feeling of impotence in the face of the expectation of solving problems, identifying the importance of recognizing limits. They point out as potentials of work in PHC: the team's partnership in sharing care and diversify practices; autonomy and openness to build the collective work process; feel affinity with the work and its appreciation; realize the scope of their actions; and work with teaching. They express dissatisfaction with municipal management due to vertical decisions and the cut in health workers rights. The lack of social protection and dismantling of public policies constitutes another obstacle to work in PHC. The weakening of the collective dimension reduces the teams' power to act, promoting processes of suffering-illness. The narratives situate the need for care strategies for PHC professionals, especially in the mental health scope.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2021.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234597
Date: 2021


Files in this item

Files Size Format View
PICH0242-T.pdf 2.050Mb PDF View/Open

This item appears in the following Collection(s)

Show full item record

Search DSpace


Advanced Search

Browse

My Account

Statistics

Compartilhar