Processos de subjetivação em grupos no SCFV: sentidos atribuídos por idosos/as e jovens a este espaço coletivo

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo investigar de que forma os/as usuários/as do Sistema Único de Assistência Social significam o espaço do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Por meio do uso da observação participante e de entrevistas, nos aproximamos de jovens e idosos/as usuários/as do SCFV na região da grande Florianópolis (SC). A partir da perspectiva da psicologia sociohistórica, construímos dois eixos de análise para cada um destes grupos. Após a análise das narrativas dos/as jovens, foi possível apreender que o SCFV foi significado como um espaço de trocas, acolhimento e cuidado; além disso, o grupo se mostrou como um espaço educativo na medida em que mediava aprendizagens, saltos qualitativos no desenvolvimento e na apropriação ativa de seus contextos históricos. A análise dos relatos dos/as idosos/as também apontou o SCFV como um lugar de apoio mútuo, convivência, afetos e trocas de experiências. Especificamente para este público, o fortalecimento do corpo objetivo e subjetivo por meio destes encontros grupais foi bastante ressaltado. Ainda, o SCFV foi apontado como um potente espaço fortalecedor da cidadania que os/as impulsionam a criar estratégias de enfrentamento frente às violências e segregação social que vivem, cotidianamente, por fazerem parte de um grupo social desqualificado pela hegemonia capitalista. Em linhas gerais, podemos afirmar que o SCFV foi significado como um lugar de encontros e ?calor?, onde o fortalecimento de vínculos sociais se mostrou bastante evidente. As relações de reciprocidade e trocas dialógicas possibilitaram a ampliação e ressignificação de suas experiências, nas quais foi possível notar um processo de coletivização das demandas singulares e, ao mesmo tempo, um processo de singularização das coletividades por parte destes sujeitos. Por fim, destacamos a importância que a Proteção Social Básica possui na prevenção das situações de violação de direitos humanos, especialmente em um país profundamente marcado pelas desigualdades sociais, tal como é o caso do Brasil. Estes dados acenam para a importância do trabalho psicossocial realizado no SCFV, onde afeto e cidadania se encontram, onde é possível realizar uma escuta qualificada às dores oriundas das injustiças sociais e, ao mesmo tempo, servir de espaço para o protagonismo e fortalecimento da cidadania. Tristemente temos testemunhado um acelerado desmonte e sucateamento da Política Nacional de Assistência Social e, por isso mesmo, é importante que a Ciência se debruce em estudar suas incidências, impactos e dificuldades, construindo modelos teóricos-metodológicos que forneçam visibilidade às práticas e resultados alcançados por meio das diferentes estratégias de intervenção desenvolvidas pelas equipes, assim como os sentidos produzidos pelos/as seus/suas usuários/as.

Abstract: This research aimed to investigate how the users of the Unified Social Assistance System mean the space of the Service of Coexistence and Strengthening of Bonds. Through the use of participant observation and interviews, we approach young people and the elderly / users of SCFV in the region of greater Florianópolis (SC). From the perspective of sociohistorical psychology, we built 2 axes of analysis for each of these groups. After analyzing the young people's narratives, it was possible to apprehend that the SCFV was meant as a space for exchanges, welcoming and care; in addition, the group proved to be an educational space insofar as it mediated learning, qualitative leaps in development and in the active appropriation of its historical contexts. The elderly?s reports analysis of the also pointed out the SCFV as a place of mutual support, coexistence, affection and exchange of experiences. Specifically for this audience, the strengthening of the objective and subjective body through these group meetings was quite emphasized; and, still, the SCFV was pointed out as a powerful space that strengthens citizenship that impels them to create coping strategies in the face of violence and social segregation lived daily, because they are part of a social group disqualified by capitalist hegemony. In general terms, we can affirm that the SCFV was meant as a place of meetings and ?warmth?, where the strengthening of social bonds was shown to be quite evident. The relations of reciprocity and dialogic exchanges made it possible to expand and refram their experiences, in which it was possible to notice a process of collectivization of singular demands and, at the same time, a singularization?s process of collectivities on the part of these subjects. Finally, we highlight the importance that Basic Social Protection has in preventing situations of human rights violations, especially in a country deeply marked by social inequalities such as Brazil. These data point to the importance of the psychosocial work carried out at the SCFV, where affection and citizenship meet, where it is possible to perform a qualified listening to the pains arising from social injustices and, at the same time, serve as a space for protagonism and strengthening of citizenship. Sadly, we have witnessed an accelerated dismantling and scrapping of the National Social Assistance Policy and, for this very reason, it is important for Science to study its incidences, impacts and difficulties, building theoretical and methodological models that provide visibility to the practices and results achieved by through the different intervention strategies developed by the teams, as well as the meanings produced by their users.