Abstract:
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Introdução: A COVID-19 é uma infecção sistêmica desencadeada pelo novo coronavírus (SARS-COV2) e desde seu surgimento na China em 2019, vem assolando a sociedade. Embora o trato respiratório seja o principal alvo da infecção, o número de casos envolvendo manifestações neurológicas potencialmente ligadas à COVID-19 tem aumentado expressivamente. A encefalopatia e a encefalite são as principais complicações que devastam o sistema nervoso central associadas a COVID-19. A encefalite é uma condição inflamatória com muitas etiologias. Existem várias formas de encefalite associadas a anticorpos contra proteínas intracelulares neuronais, superfícies celulares ou proteínas sinápticas e são referidas como encefalite autoimune.
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo relatar o caso de uma paciente com encefalite viral pós-infecção por COVID-19.
Relato de caso: Relatamos o caso de uma mulher de 46 anos, sem comorbidades prévias, que apresentou cefaleia, paresia progressiva dos membros superiores, inferiores e dos músculos cervicais devida a infecção por COVID-19. Em paralelo, foram observadas pleocitose linfocítica e aumento na concentração de proteínas no liquido cefalorraquidiano (LCR). Na ressonância magnética craniana foram encontradas alterações na substância branca supratentorial. O tratamento foi realizado com corticosteroides e plasmaferese. Devido a evolução no quadro clínico da paciente e visando a continuidade do tratamento, optou-se pela continuidade com rituximabe. A paciente respondeu bem ao tratamento, sem grandes efeitos colaterais, recebeu alta e não apresentou novas queixas. Diante do quadro clínico da paciente, bem como dos achados no LCR e na Ressonância Magnética Craniana, a paciente foi diagnosticada com encefalite autoimune (Encefalite do tronco cerebral de Bickerstaff).
Conclusões: O presente caso clínico contribui para o entendimento da variedade clínica de sintomas causados pela encefalite autoimune relacionada ao COVID-19, apontando potenciais condutas terapêuticas e mecanismos subjacentes a infecção do SNC pelo SARS-Cov-2. Entretanto, os efeitos da COVID-19 no sistema nervoso ainda não estão bem esclarecidos; portanto mais estudos são necessários para esclarecer a relação potencial entre COVID-19 e as manifestações neurológicas. |