Abstract:
|
Este ensaio que ora apresento para debate surge como uma das hipóteses de trabalho para minha pesquisa sobre
as relações entre corpo e máquina em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de atletas. Sugiro que haja
uma mudança de enfoque sobre o esporte: tratado com freqüência como sacrifício, entendo que o mesmo se
realiza sob o regime de tortura. Sujeito à violência simbólica – com efeitos diretos sobre a integridade física – o
corpo esportivo, atado às máquinas, é obrigado a confessar: dar as respostas, arrancadas a força, através da
performance e da ruptura de seus limites. A performance é o corolário da tortura. Procuro refletir, nestes termos,
sobre a possibilidade de agência do sujeito em um mundo que lhe obriga a ser esportivo e que, sopesado por
obrigações e cobranças, reedita o mundo do trabalho. Sob a falsa promessa de felicidade que o ser esportivo
promulga e que o corpo alienado, tornado máquina, suporta, encontra-se uma cultura – ou sociedade – que
introduz o esporte como ludicidade e liberdade, incorpora-o, como um habitus, a ponto deste tornar-se, por fim,
uma imposição. |