Abstract:
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Identifico em Hamlet, Príncipe da Dinamarca, a temporalidade do autor, na maneira como ele coloca seu protagonista no tempo do teatro. O Renascimento se caracterizou como o renascer das artes clássicas, mas também dos indivíduos; Shakespeare, atento às demandas culturais desse tempo, trouxe para o centro da cena um herói trágico - herança dos gregos e romanos - que se move em solilóquios pelo palco, numa disposição mental que expõe a ambiguidade da própria consciência. A linguagem, um dos traços singulares do homem e da tragédia é colocada no palco da modernidade nascente, por meio da excelência da habilidade dramaturgica de Shakespeare. Coloca-se em questão o impasse de Hamlet diante da catástrofe que se insere na Corte de Elsinore, exigindo dele uma ação, que é parte constituinte do gênero dramático. Considerando a amplitude do horizonte que se coloca entre ação e discurso, acessamos a temporalidade da obra de Shakespeare para uma compreensão do sujeito-herói-trágico renascentista e seu tempo histórico. |