A cascata de cuidado na prevenção da transmissão vertical do HIV em Santa Catarina: Análise no período 2012-2022

Abstract

Introdução: A maior parte dos casos de infecções por HIV em indivíduos menores de 13 anos ocorre por meio da transmissão vertical. Esse tipo de transmissão pode ser evitado de acordo com os elementos da cascata de cuidado. Objetivos: Analisar os principais desafios na cascata de cuidado relacionados à transmissão vertical de HIV na população de gestantes infectadas pelo HIV com notificação em Santa Catarina de 2012-2022. Métodos: Estudo observacional transversal, a partir de dados secundários de notificação via SINAN de gestantes infectadas pelo HIV e crianças expostas ao HIV de 2012 a 2022. Resultados: Um total de 5.517 fichas de notificação de gestantes infectadas pelo HIV e 3.119 crianças expostas ao HIV foram incluídos no estudo. Houve prevalência no diagnóstico antes do pré-natal, 61,96% em 2012 e 70,90% em 2022. A maior parte da população fez pré-natal (93,83%). Uso de TARV na gestação decresceu de 91% (2012) para 79,21% (2022). O principal desfecho foi Nascido vivo, com 80,36% em 2012 e 42,95% em 2022. Início da TARV na criança ocorreu principalmente nas primeiras 24 horas (52,87%); nessa variável, a incompletude de notificação atingiu 59,35% em 2022. A taxa de transmissão vertical em 2012 foi de 4,48% e de 2,83% em 2022. Conclusões: A cobertura de pré-natal foi adequada no período analisado. O uso de TARV na população de gestantes se encontra abaixo do ideal, com decréscimo no período. As falhas de seguimento das gestantes notificadas devem ser destacadas como agente importante na manutenção das taxas de transmissão vertical. Deve-se fazer um esforço conjunto dos atores envolvidos nesse cuidado para a atenção à incompletude das fichas de notificação.

Introduction: The majority of HIV infections in individuals under the age of 13 occur through vertical transmission. This type of transmission can be prevented by addressing the elements of the care cascade. Objectives: To analyze the main challenges in the care cascade related to vertical transmission of HIV in the population of HIV-infected pregnant women reported in Santa Catarina from 2012 to 2022. Methods: A longitudinal observational study using secondary notification data via SINAN from HIV-infected pregnant women and HIV-exposed children from 2012 to 2022. Results: A total of 5,517 notification forms from HIV-infected pregnant women and 3,119 HIV-exposed children were included in the study. There was a prevalence of diagnosis before prenatal care (61.96% in 2012; 70.90% in 2022). The majority of the population received prenatal care (93.83%). The use of antiretroviral therapy (ART) during pregnancy decreased from 91% (2012) to 79.21% (2022). The primary outcome was live births, with 80.36% in 2012 and 42.95% in 2022. Initiation of ART in children occurred mainly within the first 24 hours (52.87%); in this variable, notification incompleteness reached 59.35% in 2022. The vertical transmission rate was 4.48% in 2012 and 2.83% in 2022. Conclusions: Prenatal care coverage was adequate during the analyzed period. The use of ART in the pregnant population is below ideal, with a decline over the period. Failures in the follow-up of reported pregnant women should be highlighted as an important factor in maintaining vertical transmission rates. There should be a joint effort among stakeholders involved in this care to address the incompleteness of notification forms.