Colaboração e inovação no setor público: diretrizes aos i-Labs

Abstract

A inovação no setor público, antes considerada uma oportunidade, hoje é uma necessidade imperativa para resolver desafios sociais e globais compartilhados pelos governos de todas as partes do mundo. Neste contexto, emergiram os laboratórios de inovação (i-labs), definidos como espaços colaborativos que incorporam cocriação, com vistas a transformar a ação pública. A colaboração no processo de criação de soluções nesses ambientes emerge na interação entre indivíduos, possibilitando o acesso e a criação do conhecimento novo, o processo mais crítico do campo de pesquisa de gestão do conhecimento. Este estudo propõe diretrizes para a colaboração nos i-labs do setor público, tendo em vista que as pesquisas até então desenvolvidas, apesar de oportunizarem uma maior compreensão conceitual, estrutural e funcional do tema, ainda tratavam de forma superficial e/ou sem visão holística os principais fatores que potencializam a colaboração nestes espaços. No processo da pesquisa, descritiva e propositiva, foi adotada uma visão funcionalista e pragmática-objetiva da realidade. As diretrizes propostas foram elaboradas com base em revisão integrativa da literatura e verificação com especialistas. Este processo também envolveu o estudo de 54 casos práticos sobre i-labs, agrupados nas tipologias de inovação em políticas públicas ou governamental, inovação em serviços públicos e inovação social. À luz da abordagem sobre colaboração derivada da literatura sobre gestão de conhecimento, articulada com a visão oriunda de outras áreas que tratam de inovação e gestão pública, a estrutura de diretrizes proposta está categorizada por dimensões, com seus respectivos elementos e atividades. A dimensão de apreciação do contexto trata sobre liderança, cultura, valor público e recursos, enquanto a dimensão estrutural aborda o funcionamento da rede, a configuração da rede e o potencial de apropriação. Já a dimensão cognitiva traz os elementos idioma e vocabulário compartilhado e narrativas compartilhadas, este último em busca do sentimento de pertencimento, que tende a contribuir para o engajamento. A dimensão relacional aborda a confiança, essencial para o processo colaborativo por funcionar como motivador intrínseco das partes envolvidas, assim como as normas, as obrigações e os laços e identificação. A dimensão aprendizagem, por sua vez, preocupa-se com o compartilhamento do conhecimento e com a própria coprodução se estendendo, também, para a implementação colaborativa das soluções. Ainda, para deixar as diretrizes mais tangíveis aos gestores de I-lab, foi elaborado um guia com linguagem mais simplificada e design menos acadêmico, agregando sugestões de técnicas e ferramentas.

Abstract: Innovation in the public sector, once seen as an opportunity, has now become an imperative necessity to address shared social and global challenges faced by governments worldwide. In this context, innovation laboratories (i-labs) have emerged, defined as collaborative spaces that foster co-creation with the aim of transforming public action. Collaboration in the process of creating solutions in these environments arises from the interaction among individuals, enabling access to and the creation of new knowledge, which is the most critical process in the field of knowledge management research. This study proposes guidelines for collaboration in public sector i-labs, considering that the research conducted thus far, despite providing a better conceptual, structural, and functional understanding of the theme, still superficially and/or without a holistic view addressed the key factors that enhance collaboration in these spaces. In the process of descriptive and propositional research, a functionalist and pragmatic-objective view of reality was adopted. The proposed guidelines were developed based on an integrative literature review and validation with experts. This process also involved the study of 54 practical cases on i-labs, grouped into typologies of innovation in public or governmental policies, innovation in public services, and social innovation. In light of the collaboration approach derived from the literature on knowledge management, coupled with insights from other fields dealing with innovation and public management, the proposed guideline structure is categorized by dimensions, along with their respective elements and activities. The context appreciation dimension focuses on leadership, culture, public value, and resources, while the structural dimension addresses network operation, network configuration, and appropriation potential. The cognitive dimension introduces the elements of language and shared vocabulary, as well as shared narratives, the latter aimed at fostering a sense of belonging, which tends to contribute to engagement. The relational dimension emphasizes trust, essential for the collaborative process as an intrinsic motivator for the parties involved, as well as norms, obligations, bonds, and identification. The learning dimension, in turn, concerns itself with knowledge sharing and coproduction, extending also to the collaborative implementation of solutions. Additionally, to make the guidelines more tangible for i-lab managers, a guide was developed with simplified language and a less academic design, incorporating suggestions for techniques and tools.