Infecção articular periprotética em joelho e quadril e seus diferentes diagnósticos: uma revisão narrativa

Abstract

Introdução: As artroplastias de joelho e quadril são comuns no tratamento da osteoartrite avançada, mas enfrentam riscos significativos de falha devido à infecção articular periprotética (IAP). A incidência de IAP varia de 0,8% a 1,9% em artroplastias de joelho e de 0,3% a 1,7% em quadril, com taxas de reinfecção próximas a 14%. Essas infecções retardam a recuperação, prolongam internações e aumentam custos de saúde. Sem um teste padrão-ouro para diagnóstico, este estudo analisa critérios diagnósticos e estratégias terapêuticas para IAP. Objetivos: Este trabalho visa abranger e delinear os critérios diagnósticos de IAP conforme as principais sociedades e consensos. Especificamente, avalia-se a acurácia de cada critério diagnóstico, destacando aquele com maior sensibilidade, analisa o impacto das IAPs nos sistemas de saúde e discute as abordagens terapêuticas predominantes. Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura. Foram estabelecidos critérios de elegibilidade para assegurar a relevância dos estudos analisados, incluindo artigos originais, revisões sistemáticas, meta-análises e diretrizes clínicas dos últimos 20 anos, excluindo-se estudos em populações pediátricas ou com osteoartrite secundária. A pesquisa foi realizada na base de dados eletrônicos PubMed, empregando termos específicos e operadores booleanos, complementada por revisões manuais das referências dos artigos selecionados. Revisão narrativa: A osteoartrite afeta 300 milhões de pessoas globalmente, causando dor crônica e perda de mobilidade. Fatores de risco incluem obesidade e dislipidemia, sendo a artroplastia o tratamento mais eficaz para casos graves. A crescente demanda por cirurgias articulares, especialmente devido à IAP, deve elevar os custos de saúde até 2030. A gestão eficaz dessas infecções, que podem ser introduzidas durante a cirurgia ou por propagação hematogênica, requer práticas cirúrgicas e perioperatórias avançadas. Embora a artroplastia seja geralmente segura, falhas ocorrem por causas sépticas e assépticas. No Reino Unido, cerca de 5% das artroplastias de joelho falham, principalmente devido a afrouxamento asséptico e infecções. Estudos indicam que 73,3% das revisões ocorrem tardiamente no pós-operatório, com infecções sendo uma causa comum. As IAPs envolvem complexas interações com biofilmes bacterianos resistentes, complicando o manejo clínico e elevando custos de saúde. Diagnosticar IAP sem um padrão-ouro depende de avaliações clínicas e laboratoriais, seguindo critérios de sociedades reconhecidas. O tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, com técnicas cirúrgicas e terapia antibiótica, muitas vezes múltiplas, essencial para bons resultados, alcançando sucesso em 87% e 83% das revisões de um e dois estágios, respectivamente. Conclusões: Esta revisão analisou estratégias de diagnóstico e manejo para as IAPs, comparando critérios diagnósticos de IDSA, ICM e EBJIS identificou uma sensibilidade superior nos critérios EBJIS para detectar infecções ocultas e reduzindo casos inconclusivos, embora ainda não validados como padrão ouro. O estudo destaca os custos significativos de saúde associados às IAPs devido às necessidades cirúrgicas e hospitalizações prolongadas, ressaltando a necessidade de diagnósticos rápidos e precisos para minimizar complicações e duração do tratamento. Enfatiza que o manejo bem-sucedido da IAP requer uma abordagem multidisciplinar, seleção cuidadosa de estratégias terapêuticas e consideração de vários fatores específicos do paciente. Mais pesquisas são recomendadas para refinar os critérios diagnósticos e melhorar os resultados dos pacientes.

Introduction: Knee and hip arthroplasties are common in the treatment of advanced osteoarthritis but face significant risks of failure due to periprosthetic joint infection (PJI). The incidence of PJI varies from 0.8% to 1.9% in knee arthroplasties and from 0.3% to 1.7% in hip arthroplasties, with reinfection rates close to 14%. These infections delay recovery, prolong hospitalizations and increase healthcare costs. Without a gold standard test for diagnosis, this study analyzes diagnostic criteria and therapeutic strategies for PJI. Objectives: This work aims to cover and outline the diagnostic criteria for PJI according to the main societies and consensuses. Specifically, the accuracy of each diagnostic criterion is assessed, highlighting the one with the greatest sensitivity, the impact of PJIs on health systems is analyzed and the predominant therapeutic approaches are discussed. Methods: A narrativew review was conducted. Eligibility criteria were established to ensure the relevance of the evaluated studies, including original articles, systematic reviews, meta-analyses and clinical guidelines from the last 20 years, and excluding studies in pediatric populations or those with secondary osteoarthritis. The search was carried out in the PubMed database, using specific terms and Boolean operators, and complemented by manual reviews of the references of the selected articles. Literature Review: Osteoarthritis affects 300 million people globally, causing chronic pain and loss of mobility. Risk factors include obesity and dyslipidemia, with arthroplasty being the most effective treatment for severe cases. The increasing demand for joint surgeries, especially due to PJI, is expected to increase healthcare costs by 2030. Effective management of these infections, which can be introduced during surgery or by hematogenous spread, requires advanced surgical and perioperative practices. Although arthroplasty is generally safe, failures occur for septic and aseptic causes. In the United Kingdom, around 5% of knee replacements fail, mainly due to aseptic loosening and infections. Studies indicate that 73.3% of revisions occur late in the postoperative period, with infections being a common cause. PJIs involve complex interactions with resistant bacterial biofilms, complicating clinical management and increasing healthcare costs. Diagnosing PJI without a gold standard depends on clinical and laboratory evaluations, following criteria from recognized societies. Treatment requires a multidisciplinary approach, with surgical techniques and antibiotic therapy, often multiple, essential for good results, achieving success in 87% and 83% of one- and two-stage revisions, respectively. Conclusions: This review analyzed diagnostic and management strategies for periprosthetic joint infections (PJIs), comparing diagnostic criteria from IDSA, ICM and EBJIS, identified a superior sensitivity in the EBJIS criteria for detecting occult infections and reducing inconclusive cases, although not yet validated as a gold standard. The study highlights the significant healthcare costs associated with PJIs due to surgical requirements and prolonged hospitalizations, highlighting the need for rapid and accurate diagnoses to minimize complications and treatment duration. It emphasizes that successful management of PJI requires a multidisciplinary approach, careful selection of therapeutic strategies, and consideration of several patient-specific factors. Further research is recommended to refine diagnostic criteria and improve patient outcomes.