Abstract:
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As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) possuem um impacto significativo nos resultados clínicos dos pacientes, especialmente nas unidades de terapia intensiva (UTI), onde procedimentos invasivos e longas internações aumentam o risco de um desfecho desfavorável. Este estudo investiga a epidemiologia das IRAS na UTI adulto do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/EBSERH), com foco nas infecções associadas a dispositivos invasivos, como cateteres venosos centrais, cateteres urinários e ventilação mecânica. Foi realizada uma análise retrospectiva dos prontuários dos pacientes dos anos de 2022 a 2024 para identificar patógenos prevalentes e perfil de resistência aos antimicrobianos. A análise de 153 pacientes internados na UTI que tiveram IRAS mostrou uma mediana de idade de 55 anos, sendo 62% dos pacientes do sexo masculino. As principais comorbidades apresentadas foram hipertensão arterial sistêmica (47%) e diabetes mellitus (30%). Entre os pacientes analisados, 50% tiveram desfecho desfavorável (óbito), enquanto 45% receberam alta hospitalar e 5% foram transferidos. Os achados destacaram a prevalência de pneumonia associada à ventilação mecânica (40%), seguida de infecção primária de corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (33%) e por fim infecção de trato urinário associada ao uso de sonda vesical de demora, que correspondeu à 26% das infecções. Destacou-se também a predominância de bacilos gram-negativos como agentes causadores das infecções (74%), com destaque para Klebsiella pneumoniae, que esteve envolvida em 23% das IRAS e em 55% das culturas de vigilância positivas, apresentando importante resistência a carbapenêmicos, cefalosporinas, alguns betalactâmicos com inibidores, como a piperacilina/tazobactam, e ao ciprofloxacino. O estudo ressalta o perfil dos pacientes acometidos por IRAS no HU-UFSC/EBSERH, fornecendo dados importantes sobre as características dos microrganismos e o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos. Estas informações podem ser utilizadas para a gestão adequada do uso de antimicrobianos, essencial na redução da disseminação de microrganismos multirresistentes, e enfatiza a importância de práticas específicas de controle de infecções para prevenir a translocação de bactérias intestinais para outros locais de infecção. Os resultados sugerem a necessidade de monitoramento contínuo e de um gerenciamento da antibioticoterapia direcionados para abordar o cenário em constante mudança das IRAS em ambientes de cuidados críticos. |