Abstract:
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Introdução: O puerpério inicia-se após o parto e configura a regressão do corpo às condições
anteriores à gestação. Durante este período, a puérpera experencia diversas mudanças em sua
vida, incluindo mudanças na sexualidade, a qual, não restringe-se ao sexo, mas envolve vários
aspectos humanos, tendo desta maneira, papel importante na qualidade de vida. Objetivo:
descrever as vivências de mulheres quanto à sua sexualidade no puerpério, buscando
responder a questão de pesquisa: quais são as vivências de mulheres no puerpério quanto a
sua sexualidade? Método: utilizou-se da abordagem metodológica qualitativa, contando com
o auxílio do Consolidated Criteria For Reporting Qualitative Research para elaboração do
relatório. As participantes foram mulheres sulistas e sudestinas que passaram pelo puerpério a
partir de 2017 e que possuíssem vida sexual ativa, totalizando 28 participantes. Estas
mulheres responderam perguntas retiradas de uma entrevista semiestruturada por meio de um
questionário online, sendo questionadas de forma objetiva e subjetiva sobre suas vivências
durante o puerpério e sobre as mudanças encontradas na sua sexualidade. Como técnica de
análise de dados, utilizou-se da Análise Temática, que em primeiro momento analisa o
contexto sócio-econômico-ambiental do grupo estudado, e em segundo momento, realiza
leitura horizontal e transversal dos dados, para que assim, possa relacionar-se com a literatura.
Foram respeitados todos os aspectos éticos segundo as Resoluções no 466/2012 e 510/2016,
além do ofício N° 2/2021/CONEP/SECNS/MS. A produção dos dados teve início após a
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade
Federal de Santa Catarina, obtendo parecer número 5.744.188. Resultados: evidenciou-se
uma diminuição nas atividades sexuais das puérperas, mesmo sendo a sexualidade,
reconhecida como parte importante da vida de muitas delas. A escolha da via de nascimento
vaginal ou cesariana não influenciou no aparecimento de queixas sexuais, mas de maneira
geral, ambos corroboram de forma negativa com a vivência das mulheres, que se queixaram
de baixa autoestima, libido e lubrificação vaginal, cansaço, medo da dor na relação sexual,
alterações hormonais, amamentação, desconforto e dispareunia. Em relação às orientações
sobre sexualidade, as mulheres que obtiveram tais orientações foram informadas - em sua
maioria - em momentos pós-parto sobre o tempo de retorno das atividades sexuais e sobre o
uso de métodos contraceptivos, o que se mostrou ineficaz, gerando dúvidas sobre outras
formas de relações sexuais e contribuindo com o medo de uma nova gestação. Conclusão: é
possível verificar que o puerpério possui impacto na sexualidade feminina, e que esta é
experienciada de forma individual por cada mulher. Desta forma, implica-se aos cuidados de
enfermagem uma abordagem de qualidade, livre de preconceitos e desde o início do pré-natal,
com a gestante e sua parceria. Destaca-se a necessidade da realização de mais estudos
relacionados à área da sexualidade feminina no puerpério e espera-se que este trabalho sirva
de subsídios para a assistência de enfermagem, auxiliando no empoderamento das mulheres
acerca da sua sexualidade. |