Abstract:
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A família Ramos adquiriu expressividade política no final do século XIX, sendo que no século
XX, descendentes de Laureano Ramos e Maria Gertrudes de Moura alcançaram o Senado
Federal (seis mandatos) e o governo do estado de Santa Catarina (nove mandatos). Foram ainda
prefeitos ou intendentes municipais de Lages e região (nove mandatos). O ápice de sua
expressividade política se deu pelo alcance do cargo de presidente interino da República por
Nereu Ramos. A família também se tornou representante da imagem histórica atribuída à Lages.
Ruas, praças e instituições levam o nome de seus membros, reservando à família lugar
privilegiado na memória histórica da cidade de Lages. Neste trabalho, investigou-se a
exploração da mão de obra escravizada no período em que a família adquiriu tais status – de
riqueza e expressividade político-social. Os achados apontam para a participação dos
escravizados como formadores de riqueza da família. Também, objetivou-se proporcionar um
reconhecimento de quem eram parte das pessoas escravizadas ou agregadas exploradas pela
família, suas funções, quais as diferenças nos termos aplicados para essas pessoas e quem eram
os membros da família que se utilizaram da mão de obra escravizada na região. Utilizou-se
primordialmente dos inventários dos membros da família Ramos (da primeira e segunda
geração), bem como, de registros de batismo e documentos judiciais que os envolvem.
Observou-se que a família adquiriu tal expressividade desde sua chegada aos campos de Lages
com o patriarca Laureano Ramos e a matriarca, Maria Gertrudes de Moura. Seus filhos foram
os principais exploradores da mão de obra escravizada e agregada de trabalhadores negros,
pardos e indígenas em relação às outras gerações da família. Assim, estenderam suas riquezas
e status aos netos e até bisnetos através de uma base tripla de exploração, pautada na posse de
terras, criação de animais para comércio (principalmente gado) e na escravização de pessoas. |