Abstract:
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A Antártica é uma das regiões mais envolvidas nos debates sobre os efeitos das
Mudanças Climáticas. O recuo de frentes de geleira tem sido considerado um dos
efeitos mais evidentes de mudanças climáticas, tendo como consequência a
exposição de uma porção de solo que estava previamente coberta de gelo durante
centenas a milhares de anos (cronossequência). Este solo, agora em contato com a
atmosfera e sujeito a efeitos ambientais variados, é gradativamente colonizado por
microrganismos autóctones (provenientes do solo subglacial) e exógenos, que
contribuem para o intemperismo e desenvolvimento do solo ao longo dos anos. O
objetivo deste projeto é determinar como a retração de frentes de geleira da
Antártica influencia na estrutura de comunidade microbiana do solo, visando
compreender como esse fenômeno pode ser aplicado no monitoramento de outras
frentes de geleira que estão sob influência de mudanças climáticas globais. Para
isso, amostras de solo coletadas em um transecto de 0-50 m de distância da frente
da geleira Collins (Península Antártica) foram submetidas à análise por gel de
eletroforese em gradiente desnaturante (DGGE). Inicialmente, o DNA total dos
microrganismos do solo foi extraído e bibliotecas de amplicons do gene RNAr 16S
(bactérias) foram construídas por reação de PCR. As bibliotecas de amplicons
submetidas ao DGGE e o perfil de bandas, que reflete a estrutura de comunidade
microbiana, foram comparadas entre as amostras a fim de determinar o grau de
conservação e/ou mudanças que ocorrem na comunidade ao longo do tempo. Os
resultados permitiram inferir mudanças na estrutura das comunidades microbianas
pioneiras, sobretudo a partir de 5 m de distância da frente da geleira, bem como
aumento da riqueza de espécies de acordo com a cronossequência de solos da
Antártica. |