Abstract:
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A pesquisa tem como objetivo abordar a perpetuação do mito de fundação do Brasil presente
no filme O Descobrimento do Brasil (Humberto Mauro, 1937) e tematizar a representação dos
personagens indígenas na obra. Para tanto, foi analisado o filme no contexto histórico no qual
ele foi produzido, a saber, a Era Vargas, período também abordado nas discussões sobre a
política indigenista em vigor no Estado Novo e a manutenção dos mecanismos coloniais dela
decorrentes. O referido mito de fundação se trata da arbitrária concepção de que o país teria
sido “descoberto” pelos portugueses em 1500, num episódio simbólico da construção nacional
de seu próprio passado, engrandecido pelo cinema na década de 1930. A análise de várias
sequências do filme de Humberto Mauro revela uma narrativa que, embora tente ser veiculada
como objetiva e documental, emerge como plataforma de propaganda dos ideais estatais, que
buscavam, à época, legitimar o Brasil como Estado-Nação a partir de uma ótica de harmonia
racial e cooperação trabalhista. |