Abstract:
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Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a relação entre o epistemicídio e a educação e como isto se manifesta na formação em Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina. É fundamentada na Epistemologia Feminista Negra, pois contribui para romper com o modelo positivista de produção de conhecimento. Inicialmente apresenta uma revisão bibliográfica sobre o conceito do epistemicídio e sua relação com a educação, sobretudo no que diz respeito às relações epistêmicas no ensino superior, estudo que evidenciou a consolidação histórica do eurocentrismo como uma perspectiva universal, bem como as injustiças epistêmicas decorrentes deste processo que se inicia com a colonização europeia e é perpetuado pela colonialidade. Em seguida, apresenta uma análise documental do Projeto Político Pedagógico e dos programas das disciplinas de Filosofia da Educação I e II da graduação em Pedagogia da UFSC, demonstrando que as questões raciais foram incorporadas no currículo do curso de modo insuficiente; que os programas de ensino das disciplinas analisadas são eurocêntricos, com destaque para a reprodução das teses já refutadas de que a filosofia nasceu na Grécia e que a Modernidade marca o surgimento da racionalidade e da ciência, omitindo o fato de que tal feito foi executado pela violência colonial do epistemicídio e do imperialismo europeu; e aponta para a necessidade de uma abertura epistemológica no currículo que considere a pluralidade de saberes existentes no mundo que foram sistematicamente apagados pelo racismo epistêmico. Por último, apresenta o conceito de Pluriversalidade e algumas propostas epistemológicas para o enfrentamento do epistemicídio. |