A interseccionalidade em perspectiva: produção teórica em periódicos no Serviço Social brasileiro

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Title: A interseccionalidade em perspectiva: produção teórica em periódicos no Serviço Social brasileiro
Author: Machado, Daniela
Abstract: Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa de caráter exploratório, tendo como o objetivo central analisar a categoria interseccionalidade nas produções teóricas em periódicos do Serviço Social brasileiro. Foram analisados quinze artigos produzidos no Serviço Social, publicados em revistas Qualis A. Assim, o pressuposto é de que o lugar do debate interseccional, apesar de demonstrar que vem se ampliando, ainda é parco nas produções teóricas no interior do Serviço Social brasileiro. Partimos das reflexões de teóricas do feminismo negro para definir a categoria interseccionalidade, evidenciando-a enquanto uma categoria analítica, metodológica e política, que permite uma leitura da realidade a partir dos condicionantes raça/etnia, classe, gênero, sexualidade, identidade nacional, entre outros marcadores, que estruturam a realidade social na qual estão imersas as opressões, desigualdades e violências de forma imbricada. A interseccionalidade se configura como uma ferramenta de apreensão das experiências, processos de luta e produção de pontos de vistas situados por mulheres negras, que a partir das próprias experiências trazem reflexões que vão se expressar no ativismo político e acadêmico, produzindo análises a partir dos três principais eixos de poder (patriarcado, racismo e capitalismo), essenciais para a compreensão do nosso objeto de estudo. Mesmo a interseccionalidade sendo elaborada pelas mulheres negras, também são incorporadas nas análises interseccionais mulheres não negras, transexuais, travestis, queer, pessoas com deficiência, dentre outras. É a partir de autoras referência como Kimberlé Crenchaw, Patricia Hill Colins, Ângela Davis, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Carla Akotirene, que conceituamos e traçamos reflexões em torno da interseccionalidade e como ela está imbricada na formação sócio histórica brasileira, na questão social e nos posicionamentos do Serviço Social ao longo da sua trajetória enquanto profissão. Trazemos a interseccionalidade como uma lente analítica que amplia o olhar de assistentes sociais, que intervém diretamente sobre a vida de sujeitos historicamente estigmatizados, violados, marginalizados que possuem corpos atravessados por raça, etnia, cor, gênero, sexualidade, idade, territorialidade, dentre outros. Com base na análise dos dados da pesquisa mostramos o quanto a formação em Serviço Social não tem incorporado as dimensões estruturais de raça/etnia, gênero, sexualidade, idade, regionalidade, capacitismo, dentre outras, articuladas à classe, que em uma perspectiva interseccional nos permite uma ampla compreensão da questão social. Fica evidente a necessidade de ampliação desse debate na formação em Serviço Social, sobretudo por serem as mulheres negras as mais afetadas pelas opressões e desigualdades sociais no Brasil, constituindo ainda, o perfil de parte expressiva das demandas profissionais das/os assistentes sociais. A questão étnico/racial e de gênero tem sido secundarizadas na formação em Serviço Social, marcada pela rara presença de autoras que abordam os temas sob uma perspectiva interseccional. Consideramos, portanto, que a branquitude tem impedido o Serviço Social de priorizar o tema raça/etnia em suas matrizes curriculares e de serem debatidos em disciplinas obrigatórias a partir de autoras/es negras/os, sobretudo de autoras feministas negras.Abstract: This dissertation is the result of a bibliographical research, with a qualitative approach of exploratory nature, with the main objective of analyzing the category of intersectionality in theoretical productions in Brazilian Social Service journals. Fifteen articles produced in Social Service, published in Qualis A journals, were analyzed. Thus, the assumption is that the place of the intersectional debate, despite demonstrating that it has been expanding, is still scarce in theoretical productions within Brazilian Social Service. We start from the reflections of black feminist theorists to define the category of intersectionality, highlighting it as an analytical, methodological and political category, which allows a reading of reality based on the conditioning factors of race/ethnicity, class, gender, sexuality, national identity, among other markers, which structure the social reality in which oppressions, inequalities and violence are immersed in an intertwined way. Intersectionality is a tool for understanding experiences, struggle processes, and the production of points of view from black women, who, based on their own experiences, bring reflections that will be expressed in political and academic activism, producing analyses based on the three main axes of power (patriarchy, racism, and capitalism), essential for understanding our object of study. Although intersectionality is developed by black women, non-black women, transsexuals, transvestites, queer women, people with disabilities, among others, are also incorporated into intersectional analyses. It is from reference authors such as Kimberlé Crenchaw, Patricia Hill Colins, Ângela Davis, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, and Carla Akotirene that we conceptualize and outline reflections around intersectionality and how it is intertwined in the socio-historical formation of Brazil, in the social issue, and in the positions of Social Work throughout its trajectory as a profession. We use intersectionality as an analytical lens that broadens the perspective of social workers, who directly intervene in the lives of historically stigmatized, violated, and marginalized individuals whose bodies are affected by race, ethnicity, color, gender, sexuality, age, and territoriality, among others. Based on the analysis of the research data, we show how much Social Work training has not incorporated the structural dimensions of race/ethnicity, gender, sexuality, age, regionality, and ableism, among others, linked to class, which, from an intersectional perspective, allows us to have a broad understanding of the social issue. The need to broaden this debate in Social Work training is evident, especially because black women are the most affected by oppression and social inequalities in Brazil, and also constitute the profile of a significant part of the professional demands of social workers. Ethnic/racial and gender issues have been secondary in Social Work training, marked by the rare presence of authors who approach the topics from an intersectional perspective. We therefore consider that whiteness has prevented Social Work from prioritizing the theme of race/ethnicity in its curricular matrices and from having them debated in mandatory subjects based on black authors, especially black feminist authors.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Socioeconômico, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Florianópolis, 2025.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/265059
Date: 2025


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