Marketplace discrimination e as estratégias de enfrentamento de pessoas LGBTI+ nas relações de consumo no Brasil

Abstract

A presente Tese percorreu um extenso caminho de investigação sobre a temática marketplace discrimination. Cada etapa desse percurso foi desenvolvida por meio de estudos menores, que resultaram em artigos publicados em periódicos científicos, até culminar no artigo final, que responde à problemática central da pesquisa. Sob essa perspectiva, o objetivo geral foi propor um modelo analítico para analisar a discriminação percebida e as estratégias de enfrentamento adotadas por pessoas LGBTI+ nas relações de consumo no Brasil. Para tanto, realizou-se uma investigação sobre a relação entre a discriminação percebida (explícita, no contexto das relações de consumo, e sutil) e as estratégias de enfrentamento, focadas na organização, na emoção e na evitação, adotadas por consumidores LGBTI+. Com uma abordagem quantitativa e dados de 324 participantes, a análise foi realizada por meio da Modelagem de Equações Estruturais com Mínimos Quadrados Parciais (PLS-SEM), utilizando o software SmartPLS 4.0. Os resultados indicam que a discriminação sutil está fortemente associada a respostas emocionais e comportamentais intensas, como a evitação, enquanto a discriminação explícita incentiva ações formais, como reclamações organizacionais. O exame comparativo dos modelos sugere que, após a inclusão de variáveis de controle, como gênero e ocupação, a discriminação sutil permanece mais estável, com efeitos significativos nas estratégias de enfrentamento. Em contrapartida, a discriminação explícita apresenta maior variação em resposta a esses controles. Além disso, a análise das convergências e divergências entre os artigos publicados oferece uma visão abrangente sobre a discriminação no consumo vivida por pessoas LGBTI+ e suas estratégias de enfrentamento. A maioria dos artigos aponta a discriminação sutil como a mais comum, com impactos negativos significativos, levando a respostas emocionais como evasão e enfrentamento emocional, devido à dificuldade de contestá-la. Isso reforça a necessidade de ambientes de consumo inclusivos para mitigar os efeitos negativos dessa discriminação. As divergências, por sua vez, refletem abordagens variadas sobre a discriminação percebida e seu impacto, indicando a necessidade de estratégias adaptadas ao contexto brasileiro, que incluam a prevenção da discriminação explícita e a conscientização sobre microagressões. A Tese, ao explorar as dimensões da discriminação nas relações de consumo e suas implicações para minorias sexuais e de gênero, contribui para o avanço acadêmico e para a construção de uma sociedade mais justa socialmente. Ao estabelecer uma conexão empírica entre a discriminação percebida e as estratégias de enfrentamento, destaca a necessidade urgente de práticas que promovam equidade e diversidade no mercado, alinhadas aos ODS 10 e 5 da ONU, que buscam reduzir desigualdades e promover a igualdade de gênero, enfatizando a importância de políticas inclusivas para o bem-estar social e humano. Contudo, as limitações do modelo ressaltam a necessidade de refinamentos conceituais e metodológicos, especialmente nas categorias de enfrentamento focadas na emoção e na evitação, a fim de proporcionar uma compreensão mais aprofundada das dinâmicas subjacentes à discriminação percebida.

Abstract: This thesis follows an extensive research path on the topic of marketplace discrimination. Each stage of this journey was developed through smaller studies, which resulted in articles published in scientific journals, culminating in the final article that addresses the central research problem. From this perspective, the overall objective was to propose an analytical model for examining perceived discrimination and the coping strategies adopted by LGBTI+ individuals in consumer relationships in Brazil. To this end, an investigation was conducted on the relationship between perceived discrimination (explicit, in the context of consumer relationships, and subtle) and coping strategies, focused on organizational, emotional, and avoidance-based responses, adopted by LGBTI+ consumers. Using a quantitative approach and data from 324 participants, the analysis was carried out using Partial Least Squares Structural Equation Modeling (PLS-SEM) with the SmartPLS 4.0 software. The results indicate that subtle discrimination is strongly associated with intense emotional and behavioral responses, such as avoidance, while explicit discrimination encourages formal actions, such as organizational complaints. The comparative examination of the models suggests that, after including control variables such as gender and occupation, subtle discrimination remains more stable, with significant effects on coping strategies. In contrast, explicit discrimination shows greater variation in response to these controls. Furthermore, the analysis of the convergences and divergences among the published articles provides a comprehensive view of the discrimination experienced by LGBTI+ individuals in consumption contexts and their coping strategies. Most articles identify subtle discrimination as the most common, with significant negative impacts, leading to emotional responses such as avoidance and emotional coping, due to the difficulty in contesting it. This underscores the need for inclusive consumer environments to mitigate the negative effects of such discrimination. The divergences, in turn, reflect varied approaches to perceived discrimination and its impact, indicating the need for strategies tailored to the Brazilian context, which include preventing explicit discrimination and raising awareness about microaggressions. By exploring the dimensions of discrimination in consumer relationships and its implications for sexual and gender minorities, this thesis contributes to academic advancement and the construction of a more socially just society. By establishing an empirical connection between perceived discrimination and coping strategies, it highlights the urgent need for practices that promote equity and diversity in the marketplace, aligned with UN SDGs 10 and 5, which aim to reduce inequalities and promote gender equality, emphasizing the importance of inclusive policies for social and human well-being. However, the model's limitations highlight the need for conceptual and methodological refinements, particularly in the coping categories focused on emotion and avoidance, in order to provide a more in-depth understanding of the underlying dynamics of perceived discrimination.