Abstract:
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Os Paleossolos são depósitos que mantém preservado no registro geológico
informações que auxiliam na compreensão do clima e de ambientes pretéritos. Os
processos formadores de feições pedogenéticas estão relacionados aos cinco fatores
formadores do solo: tipo de relevo, presença de organismos (fauna e flora), material
de origem e, principalmente, ao clima vigente durante seu tempo de exposição. Por
meio das microestruturas presentes nestes depósitos, é possível estabelecer a
relação entre processos pedogenéticos e estruturas formadas, fornecendo
ferramentas para interpretações paleoambientais e paleoclimáticas. A Formação Rio
do Rasto, Permiano Médio e Superior da Bacia do Paraná, conta com excelentes
depósitos sedimentares com Paleossolos associados, aflorantes na região sul do
Brasill. Eles estão inseridos nos sistemas lacustres do Membro Serrinha, e dos
sistemas eólicos, de canais fluviais e de overbank do Membro Morro Pelado. O
presente trabalho tem como objetivo a compreensão de feições pedogenéticas e de
seus processos formadores, a partir da análise de afloramentos, descrição de lâminas
e interpretação de seções colunares compostas, fundamentais para detalhar estes
depósitos. Os Paleossolos da Formação Rio do Rasto, macroscopicamente,
apresentam coloração vermelho arroxeada, sendo marcados por nódulos
carbonáticos, feições redoximórficas, marcas de raízes, slickensides e gretas de
contração. Microscopicamente, é possível observar que a proporção entre os
argilominerais e as diferentes fábricas carbonáticas influenciam na coloração de cada
amostra, adquirindo uma variação de tons esbranquiçados, esverdeados e
acinzentados, de acordo com a concentração de carbonatos. Os argilominerais
apresentam fissilidade ótica e frequentemente se encontram substituídos pelos
carbonatos, por processos redoximórficos e pela presença de matéria orgânica. A
laminação é frequentemente perturbada por bioturbação e pelo desenvolvimento de
nódulos carbonáticos. Aspectos morfológicos como bioturbação, pedotúbulos e peds,
podem ser vinculados a alterações físicas e químicas do substrato (principalmente de
argilominerais), formando a estrutura do solo. Estruturas como gretas de contração e
slickensides estão relacionadas ao processo de contração e expansão das argilas. As
diferentes colorações das matrizes se dão pela intensidade de translocação dos
carbonatos e da matéria orgânica, dada pela respiração de raízes e organismos.
Nódulos e cerosidade, por sua vez, são produtos das translocações de Fe e Al e dos
argilominerais associadas a movimentação dos fluidos no solo, durante o processo de
iluviação dos argilominerais. A Formação Rio do Rasto pode ser interpretada como
um grande sistema fluvial distributivo, ao todo, foram encontradas 11 feições
pedogenéticas em paleossolos, que ocorrem em 6 associações de fácies distintas. A
partir da compreensão de processos e produtos pedogenéticos, associados ao
levantamento estratigráfico estabelecem-se conjuntos de feições que remetem a
diferentes contextos climáticos e ambientais, que variam dentro do empilhamento,
com perda de umidade da base para o topo e indicam sazonalidade e aridização do
clima, sendo uma ferramenta essencial para a reconstrução paleoambiental. |