A pesquisadora, a ressignificação das palavras, a representação do conhecimento e os jogos de linguagem no cárcere

Abstract

A investigação da linguagem no âmbito desta pesquisa se faz a partir dos usos dos jogos de linguagem e das palavras no contexto diário das prisões, levando em consideração quem faz parte desta comunicação, quais são as peculiaridades da linguagem carcerária, como estas estão organizadas e como são percebidas diante de cada acontecimento. A amostra do presente estudo é a Penitenciária Masculina de Florianópolis, localizada em Santa Catarina. O objetivo geral compreende investigar, com base no vocabulário utilizado dentro das prisões, as dinâmicas de sociabilidade no contexto carcerário, tendo como objetivos específicos: a) identificar a população carcerária brasileira e catarinense; b) compreender a perspectiva do uso a partir dos jogos de linguagem de Ludwig Wittgenstein como abordagem teórica; e; c) contextualizar o uso dos termos coletados na Penitenciária Masculina de Florianópolis. No que concerne aos procedimentos metodológicos, a pesquisa está caracterizada como descritiva, bibliográfica, exploratória e qualitativa, tendo aspectos etnográficos como o método observacional e entrevistas, com roteiro de entrevista semiestruturada, contendo cinco perguntas abertas como instrumento de coleta dos dados, e sua análise a partir da teoria da triangulação. A presente pesquisa foi aprovada em dois Comitês de Ética: o Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Catarina e o Comitê de Ética da Secretaria de Administração Prisional do Estado de Santa Catarina. No total, 26 entrevistas foram realizadas e mais de 400 termos recuperados. A partir das análises e conjecturas sobre o uso da linguagem carcerária, entende-se que os jogos de linguagem estão presentes nos espaços de privação de liberdade, contextualizados por um uso ostensivo e coletivo representando formas de vidas partilhadas pela prisão, semelhanças dos termos por familiaridade e regras estabelecidas.

Abstract: The investigation of language within the scope of this research is conducted based on the use of language games and words in the daily context of prisons, considering who participates in this communication, the peculiarities of prison language, how it is organized, and how it is perceived in each event. The setting for this study is the Men?s Penitentiary of Florianópolis, located in Santa Catarina, Brazil. In this regard, the subjects of the research are individuals deprived of freedom, and the object of study is the language used within the prison. The general objective is to investigate, based on the vocabulary used in prisons, the dynamics of sociability in the prison context, with the following specific objectives: a) to identify the prison population in Brazil and in the state of Santa Catarina; b) to understand the perspective of use based on Ludwig Wittgenstein?s language games as a theoretical approach; and c) to contextualize the use of the terms collected at the Florianópolis Men's Penitentiary.. Regarding the methodological procedures, the research is characterized as descriptive, bibliographical, exploratory, and qualitative, employing ethnographic aspects such as observational methods and interviews, with a semi-structured interview script containing five open-ended questions as the data collection instrument. Data analysis is conducted using the theory of triangulation. This research was approved by two Ethics Committees: the Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina and the Ethics Committee of the Prison Administration Secretariat of the State of Santa Catarina. A total of 26 interviews were conducted, and more than 400 terms were collected. Based on the analyses and conjectures about the use of prison language, it is understood that language games are present in spaces of deprivation of liberty, contextualized by an extensive and collective use representing shared forms of life within the prison, similarities of terms through familiarity, and established rules.