Influência do acondicionamento na qualidade dos combustíveis e estudo de alternativas ao polietileno de alta densidade para o desenvolvimento de novos recipientes de coleta

Abstract

Após a autuação de um revendedor por suspeita de comercialização de combustível em desconformidade aos parâmetros de qualidade estabelecidos na legislação brasileira, é direito do autuado a solicitação de análise da amostra contraprova. Durante o tempo de espera entre o pedido e a análise, que pode levar mais de um ano, a contraprova fica armazenada no posto revendedor sob a orientação de mantêla distante de fontes de calor e luz. Até a realização deste trabalho, não havia um estudo detalhado sobre a condição ideal de armazenamento em longos períodos, com as características do combustível brasileiro e em embalagens oficiais, utilizadas em ações de fiscalização, para fundamentar a orientação adequada de acondicionamento da amostra contraprova. A influência do ambiente de armazenamento na qualidade da gasolina e do óleo diesel em recipientes de Polietileno de alta densidade foi investigada, ao longo de dezesseis meses, em três condições distintas: sob refrigeração, sem refrigeração e sem refrigeração com exposição à luminosidade. Em paralelo foi avaliada a viabilidade de três materiais poliméricos, uma blenda de polipropileno reciclado com fase elastomérica, um polipropileno virgem e um polibutileno tereftalato, para substituição do polietileno de alta densidade, em termos de compatibilidade com gasolina e óleo diesel durante seis meses, na fabricação de recipientes para coleta em ações de fiscalização de combustíveis. Armazenada sob a temperatura de 24,7 ºC ± 2,4 e com o recipiente exposto à luminosidade por dezesseis meses, a gasolina perdeu 43,6% do volume de amostra. A perda de volume da amostra pode acarretar aumento do teor de etanol e mudança de coloração na gasolina. A perda de reprodutibilidade na determinação da massa específica em quatro meses de armazenamento da gasolina demonstrou que, para garantir a confiança nos resultados, é necessário limitar o tempo máximo pré-ensaio em até dois meses, sob a temperatura de 24,7 ºC ± 2,4 ou quatro meses, sob a temperatura de armazenamento de 6,6 ºC ± 0,8 e sem exposição à luminosidade. Para o óleo diesel, a perda reprodutibilidade do ensaio de massa específica ocorreu em dez meses e, portanto, foi compreendida a necessidade de estabelecer o tempo máximo de armazenamento pré-ensaio em oito meses, quando acondicionado em temperatura de 24,7 ºC ± 2,4. Os resultados de destilação e teor de etanol anidro da gasolina, assim como dos ensaios de destilação e massa específica do óleo diesel, satisfizeram os critérios de reprodutibilidade durante os dezesseis meses de armazenamento, sob a temperatura de 6,6 ºC ± 0,8. Dos materiais avaliados, o polibutileno tereftalato foi considerado um candidato viável para substituição do polietileno de alta densidade para a fabricação de recipientes para a coleta de gasolina e óleo diesel. Para a gasolina, no entanto, a substituição não seria vantajosa por não apresentar benefícios em relação ao polietileno de alta densidade. Para a coleta e acondicionamento do óleo diesel, o polibutileno tereftalato apresentou desempenho considerado superior ao polietileno de alta densidade em termos de compatibilidade frente ao combustível.

Abstract: When a fuel retail station is cited for suspected sale of products outside the quality parameters established by Brazilian legislation, the cited party has the right to request an analysis of the counterproof sample. During the waiting period between the request and the analysis date, which could take over a year, the counterproof sample is stored at the retail station under instructions to keep it away from heat and light sources. Until this study, there had been no detailed investigation into the ideal storage conditions for extended periods, considering the characteristics of Brazilian fuel and the official containers used in regulatory actions, to provide guidelines for storing counterproof samples. The impact of storage conditions on the quality of gasoline (ethanol blended) and diesel (biodiesel blended) fuel stored in high-density polyethylene containers was examined over sixteen months under three different conditions: refrigerated, nonrefrigerated, and non-refrigerated with light exposure. Additionally, the feasibility of using three polymeric materials, a blend of recycled polypropylene with an elastomeric phase, virgin polypropylene, and polybutylene terephthalate, as alternatives to highdensity polyethylene, was evaluated for compatibility with gasoline and diesel fuel over six months for manufacturing containers used in fuel regulatory actions. The gasoline stored at 24.7 °C ± 2.4 and exposed to light for sixteen months showed 43.6% loss in sample volume. This volume loss could lead to increased ethanol content and changes in the gasoline?s color. The loss of reproducibility in the determination of density of gasoline within four months of storage demonstrated that, to ensure reliable results, it is necessary to limit the maximum pre-test storage time to up to two months at 24.7 ºC ± 2.4, or four months at 6.6 ºC ± 0.8 without exposure to light. For diesel fuel, the loss of reproducibility in the determination of density occurred within ten months, indicating the need to set the maximum pre-test storage time at eight months when stored at 24.7 ºC ± 2.4. The distillation and anhydrous ethanol content tests for gasoline, as well as the distillation and density tests for diesel, met reproducibility criteria over the sixteen months of storage at 6.6 °C ± 0.8. Among the materials evaluated, polybutylene terephthalate was deemed a viable alternative to high-density polyethylene for manufacturing containers for collecting gasoline and diesel fuel. However, for gasoline, the substitution was not advantageous as it offered no benefits over high-density polyethylene. For diesel fuel, polybutylene terephthalate demonstrated superior performance in terms of compatibility compared to high-density polyethylene.