Abstract:
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Introdução: Os transtornos mentais constituem uma preocupação crescente em saúde pública, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de um bilhão de pessoas vivem com pelo menos um transtorno mental. Na Atenção Primária à Saúde (APS), esses transtornos frequentemente se manifestam por sintomas como ansiedade, insônia e depressão, levando com frequência à prescrição de psicofármacos. Compreender a prevalência desse uso e os fatores associados é essencial para promover um manejo farmacológico racional e um cuidado integral em saúde mental na comunidade. Objetivo: Analisar a prevalência do uso de psicofármacos no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS) em um município do Extremo Sul de Santa Catarina, bem como identificar possíveis fatores associados a esse uso entre os usuários dos serviços de saúde. Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal realizado com 94 usuários da Unidade Básica de Saúde Jardim das Avenidas, em Araranguá (SC), entre setembro e novembro de 2024 e março e abril de 2025. Foram incluídos indivíduos com 18 anos ou mais em uso de pelo menos um medicamento psicotrópico. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário estruturado, abordando variáveis sociodemográficas, comportamentais e médicas. A análise estatística descritiva foi feita no software Stata 14.2. Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (76,6%), com predomínio de indivíduos com baixa escolaridade e renda familiar de até três salários mínimos. A maioria dos participantes (85,11%) não fazia psicoterapia. Os diagnósticos psiquiátricos mais frequentes foram depressão (34,04%) e transtorno de ansiedade generalizada (25,53%). Os medicamentos mais utilizados foram clonazepam (20,2%), sertralina (18,1%) e fluoxetina (17%), sendo os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) a classe medicamentosa mais prescrita. Conclusão: Os achados revelam uma elevada prevalência de uso de psicofármacos na APS, especialmente entre mulheres, indivíduos de baixa renda e sem acesso a suporte psicológico. Esses dados reforçam a necessidade de fortalecer o cuidado em saúde mental na atenção primária, promover o uso racional de psicofármacos e ampliar o acesso a tratamentos não farmacológicos. |