Avaliação afetiva da paisagem urbana para o andar da pessoa idosa: um estudo em Florianópolis/SC

Abstract

O envelhecimento populacional é um fenômeno crescente e demanda adaptações no ambiente urbano para promover a mobilidade e o bem-estar da pessoa idosa. Esta pesquisa tem como objetivo realizar uma avaliação afetiva da paisagem urbana de Florianópolis a partir da percepção de pessoas idosas durante seus deslocamentos a pé. A pesquisa adotou abordagem quali-quantitativa, dividida em duas etapas: uma revisão de literatura para definição dos critérios de seleção imagética, e a aplicação de foto-questionários a idosos residentes na cidade. Assim, o recorte da pesquisa e os cenários apresentados nas imagens foram selecionados com base em características do espaço urbano desejáveis ao deslocamento a pé da população idosa, como uso misto do solo, qualidade e acessibilidade das calçadas, presença e distribuição da vegetação no espaço urbano a partir do ponto de vista do pedestre. A construção dos questionários foi baseada no Modelo Circumplexo do Afeto de Russell (1980), no qual o autor buscou representar todos os diferentes estados afetivos em relação à avaliação paisagística. As imagens foram avaliadas por idosos com 60 anos ou mais residentes de Florianópolis, e posteriormente por um grupo controle, com o objetivo de validar os resultados com diferentes faixas etárias. Os resultados demonstraram que ambientes com maior permeabilidade visual, presença de vegetação e integração entre o espaço público e privado foram avaliados de forma mais positiva, gerando sensações de liberdade, conforto e bem-estar. Tipologias com ausência de recuos e barreiras visuais contínuas, por outro lado, foram percebidas como pouco convidativas e desestimulantes. A triangulação dos dados permitiu validar o Modelo Circumplexo do Afeto supracitado para o contexto urbano e cultural local, mostrando-se uma ferramenta alternativa para avaliar as emoções dos idosos em relação aos ambientes urbanos. A coerência entre os dados obtidos com o grupo de idosos e com o grupo controle indica a validade dos resultados para diferentes faixas etárias. Os resultados contribuem para a formulação de políticas públicas sob as necessidades da população idosa, incentivando o planejamento de cidades mais caminháveis, seguras, acessíveis e acolhedoras. Por fim, a pesquisa reafirma a importância de considerar a percepção afetiva dos usuários na concepção e qualificação do espaço urbano, especialmente no contexto do envelhecimento ativo.

Abstract: Population aging is a growing phenomenon and requires adaptations in the urban environment to promote mobility and well-being for elderly. This research aims to conduct an affective evaluation of the urban landscape of Florianópolis from the perspective of elderly individuals during their pedestrian journeys. The study adopted a qualitative-quantitative approach, divided into two stages: a systematic literature review to define the image selection criteria, and the application of photoquestionnaires to elderly residents of the city. The urban scenarios presented in the images were selected based on attributes such as mixed land use, sidewalk quality, presence and distribution of vegetation, visual permeability of facades, and the relationship between public space and lot boundaries. The image analysis was also guided by the vertical plane categories proposed by Kohlsdorf (1996), which emphasize the importance of facade perception, setbacks, and intervolumetric relationships within the pedestrian?s visual field. The construction of the questionnaires was based on Russell's Circumplex Model of Affect (1980), in which the author sought to represent all the different affective states in relation to landscape evaluation. The images were first evaluated by residents of Florianópolis aged 60 and over, and subsequently by a control group, in order to test the applicability of the methodology across different age groups. The results showed that environments with greater visual permeability, presence of vegetation, and integration between public and private space were evaluated more positively, generating sensations of freedom, comfort, and wellbeing. In contrast, typologies with no setbacks and continuous visual barriers were perceived as uninviting and discouraging. Data triangulation validated the Circumplex Model for the local urban and cultural context, confirming it as an effective and reliable tool for mapping the emotions of elderlyin relation to urban environments. The consistency between results from the elderly group and the control group suggests that the methodology is applicable across diverse contexts and age ranges. The findings support the development of public policies that address the needs of the aging population, encouraging the planning of more walkable, safe, accessible, and welcoming cities. Ultimately, the research reinforces the importance of incorporating users affective perceptions in the design and enhancement of urban spaces, particularly in the context of active aging.