Entre a proteção e o lucro: A agenda ambiental do Banco Mundial para o Brasil

Abstract

Este trabalho tem como objeto de estudo a agenda ambiental do Grupo Banco Mundial para o Brasil e como objetivo analisar as contradições entre seu discurso institucional e os impactos de suas práticas. Com origem em Bretton Woods, o Banco Mundial consolidou-se como um dos principais atores multilaterais na promoção do desenvolvimento sustentável. No entanto, a retórica voltada à proteção ambiental frequentemente esconde uma lógica de atuação orientada pela expansão de mercados e transformação da natureza em ativo financeiro. Metodologicamente, adota-se uma abordagem qualitativa, fundamentada na teoria crítica das Relações Internacionais, com base na revisão bibliográfica e na análise documental de dois relatórios recentes: “Um Roteiro para a Ação Climática na América Latina e no Caribe” e a “Estratégia de Parceria com o País para a República Federativa do Brasil relativa ao período EF24–EF28”, buscou-se entender quais as pautas do Banco Mundial para o Brasil. Os resultados da pesquisa indicam que a instituição não fornece alternativas ao modelo de desenvolvimento dominante. Ao contrário, atua como perpetuador ao promover mecanismos de mercado em território brasileiro associadas ao neoextrativismo, caracterizado pela extração intensa de recursos naturais e geração de conflitos socioambientais, e à financeirização da natureza, por meio da criação de instrumentos que transformam o meio ambiente em um mercado de investimentos. Conclui-se que sua atuação reforça a lógica da acumulação, em detrimento de uma verdadeira transição socioecológica.

This thesis analyzes the World Bank Group's environmental agenda for Brazil, aiming to examine the contradictions between its institutional discourse and the impacts of its practices. Originating in Bretton Woods, the World Bank has established itself as one of the main multilateral actors in promoting sustainable development. However, rhetoric focused on environmental protection often hides the logic of action guided by market expansion and the transformation of nature into a financial asset. Methodologically, a qualitative approach is adopted, based on critical theory in international relations, drawing on a literature review and documentary analysis of two recent reports: “A Roadmap for Climate Action in Latin America and the Caribbean” and the “Country Partnership Strategy for the Federative Republic of Brazil for the period EF24–EF28”. The objective is to understand the World Bank’s agenda for Brazil. The research results indicate that the institution does not offer alternatives to the dominant development model. On the contrary, it acts as a perpetuator by promoting market mechanisms in Brazilian territory associated with neoextractivism, characterized by the intense extraction of natural resources, the generation of socio-environmental conflicts, and the financialization of nature through the creation of instruments that transform the environment into an investment market. In conclusion, its actions reinforce the logic of accumulation, to the detriment of a true socio-ecological transition.