Abstract:
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Este trabalho avalia o impacto dos aerossóis provenientes de incêndios florestais na
geração de energia fotovoltaica no Brasil. Considerando o aumento da ocorrência de
incêndios, investigou-se como a presença de aerossois influenciam a radiação solar disponível
para geração de energia de sistemas fotovoltaicos. Foram utilizados dados de focos de
incêndio do INPE, profundidade óptica de aerossóis (AOD) e radiação solar provenientes das
reanálises do MERRA-2, no período de 2004 a 2024. Uma área de estudo foi selecionada com
localização no estado do Amazonas, onde é observada alta incidência de queimadas. Os
resultados mostram correlação positiva entre focos de incêndio e AOD (⍴ = 0,40) e correlação
negativa entre AOD e radiação solar (⍴ = -0,99, -0,97 e -0,99 no mês de agosto, setembro e
outubro, respectivamente), bem como entre radiação e focos de incêndio (⍴ = -0,87),
indicando que o aumento de aerossóis reduz significativamente a radiação incidente. Por
exemplo, para cada incremento unitário de AOD podemos ter uma diminuição de
aproximadamente 80 W/m2 de radiação solar incidente para os meses de agosto e setembro.
Simulações de trajetórias de massas de ar foram realizadas com o modelo HYSPLIT para o
ano de 2024, sendo o mais crítico em número de focos. As trajetórias atmosféricas revelaram
que os aerossóis são transportados por longas distâncias, o que pode afetar mesmo usinas
solares distantes dos focos. Observou-se uma redução média de 11% na geração solar de uma
usina fotovoltaica localizada no estado de Minas Gerais para dias com interferência de
incêndios florestais, impactando diretamente o potencial de geração de energia. Esses
resultados evidenciam a vulnerabilidade da geração solar frente aos impactos dos incêndios
florestais, a qual destaca a importância de considerar este fator nos estudos de viabilidade e
operação da matriz energética renovável no país. |