Abstract:
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A análise de frequência de cheias é fundamental para o planejamento de recursos
hídricos e a gestão de riscos, envolvendo o ajuste de uma distribuição de
probabilidade aos registros de cheias. No entanto, a escassez de séries longas de
vazão representa um desafio para a estimativa de cheias, especialmente para tempos
de retorno elevados. Uma forma de melhorar a análise de frequência de cheias é
incorporar informações históricas à série temporal, como é chamada a série de
monitoramento unida aos dados históricos, como dados quantitativos e qualitativos
provenientes de jornais antigos e cartas. O objetivo deste trabalho é avaliar o impacto
do uso de dados históricos na análise de frequência de cheias, por meio de pesquisa
documental e um estudo de caso na estação Poço Fundo. Neste trabalho, coletamos
informações históricas sobre cheias a partir de 22 páginas do jornal chamado <O
Despertador=, publicado entre 1864 e 1885 em Desterro, atual Florianópolis, e de 26
correspondências trocadas entre engenheiros e o Presidente da Província no período
de 1887 a 1889. A pesquisa concentrou-se principalmente em informações que
deixassem claro que, em determinado rio, a água transbordou o leito, por exemplo: <a
ponte foi destruída após uma chuva incomum=, <as plantações na planície de
inundação foram arruinadas=, <a enchente invadiu nosso hospital= ou <no local, a cheia
ficou 50 centímetros acima do nível do rio=. Há registros de pelo menos 108 cheias
históricas nesse período, distribuídos principalmente no litoral de Santa Catarina, com
um registro para o rio Paraguai e alguns no litoral do Rio Grande do Sul. Selecionou se, então, uma estação fluviométrica Poço Fundo, no Rio Cubatão do Sul, em Santa
Catarina. A estação possui 75 anos de dados e foram realizadas duas extensões de
dados, até 77 e 159 anos. A análise foi conduzida com base no Bulletin 17c –
Guidelines for Determining Flood Flow Frequency, com o pacote PeakFQ em
ambiente R. Os resultados mostraram uma subestimação média de até 5,7% nos
quantis de cheia obtida com método padrão quando comparada à estimativa da série
temporal. Nossos resultados mostram que o uso de informações históricas pode ser
uma abordagem promissora para aprimorar a análise de frequência de cheias,
apoiando um melhor dimensionamento de obras de engenharia em locais com dados
escassos. |