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Este trabalho analisa o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em
2015, a partir de uma abordagem crítica e decolonial, destacando o papel do Estado
brasileiro como agente de colonialidade na gestão do crime e suas consequências
sobre o povo Krenak. Utilizando como referenciais teóricos a Teoria Crítica das
Relações Internacionais de Robert Cox, a colonialidade do poder de Aníbal Quijano
e a epistemologia indígena de Ailton Krenak, o estudo demonstra que o desastre
não foi um evento isolado, mas resultado de uma longa trajetória de subordinação
do território e dos povos originários aos interesses do capital transnacional. A
pesquisa, de natureza qualitativa e interdisciplinar, baseou-se em análise
documental, revisão bibliográfica e interpretação crítica de fontes primárias e
secundárias. Os resultados evidenciam que o Estado brasileiro, ao longo da história,
mediou e legitimou a expropriação dos Krenak e a conversão do Watu (Rio Doce)
em zona de sacrifício, tanto por meio da violência direta quanto pela omissão e
administração tecnocrática da reparação. O estudo revela que as políticas de
reparação pós-desastre reproduzem a lógica colonial, negando a autodeterminação
e os saberes indígenas, e perpetuando danos ontológicos, culturais e espirituais
irreparáveis. Conclui-se que a superação desse ciclo exige a transformação das
estruturas de poder e o reconhecimento dos saberes e demandas dos povos
originários como fundamentos de alternativas de justiça e reparação. |
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