Política externa e gênero: os caminhos para a política externa feminista do Chile

Abstract

A adoção da Política Externa Feminista pelo Chile reflete um fenômeno recente na agenda internacional de igualdade de gênero e expressa o compromisso governamental em incorporar a perspectiva de gênero em todos os níveis da ação externa. Este trabalho busca compreender os caminhos que levaram à formalização dessa política, argumentando que ela resulta de um processo contínuo de integração da perspectiva de gênero iniciado em 2006. Para isso, utiliza-se o referencial teórico da Análise de Política Externa, das lentes de gênero e da Política Externa Feminista. A pesquisa analisa os governos de Michelle Bachelet, Sebastián Piñera e Gabriel Boric, identificando uma continuidade no tratamento das questões de gênero na política externa, com variações de intensidade e enfoque. Examina-se o papel do Serviço Nacional da Mulher e do Ministério da Mulher e Equidade de Gênero como atores consultivos e representativos em fóruns internacionais, além da estrutura institucional do Ministério das Relações Exteriores, com ênfase nos seus esforços para transversalizar a perspectiva de gênero e nos mecanismos de participação social, como o Conselho da Sociedade Civil e o Conselho de Política Externa. A análise abrange também as principais iniciativas nas áreas de segurança internacional, direitos humanos, cooperação e comércio, destacando ações como os Planos Nacionais da agenda Mulheres, Paz e Segurança, os capítulos de gênero em acordos comerciais e os programas de cooperação técnica. Por fim, aprofunda-se na formulação da Política Externa Feminista chilena, analisando os documentos oficiais e identificando convergências com iniciativas anteriores. Conclui-se que a trajetória de integração da perspectiva de gênero na política externa chilena constitui elemento central para a adoção e consolidação de sua Política Externa Feminista.

Chile’s adoption of a Feminist Foreign Policy reflects a recent phenomenon in the international gender equality agenda and demonstrates the government’s commitment to incorporating a gender perspective at all levels of foreign action. This study aims to understand the paths that led to the formalization of this policy, arguing that it stems from a continuous effort to integrate gender mainstreaming into Chilean foreign policy since 2006. To this end, it adopts a theoretical framework based on Foreign Policy Analysis, gender perspectives, and the Feminist Foreign Policy studies. The research examines the administrations of Michelle Bachelet, Sebastián Piñera, and Gabriel Boric, identifying a continuity in the treatment of gender issues in foreign policy, with variations in intensity and focus. It analyzes the role of the National Women's Service and the Ministry of Women and Gender Equity as consultive and representative actors in international forums, as well as the internal structure of the Ministry of Foreign Affairs, with emphasis on its efforts to mainstream gender and the mechanisms of social participation, such as the Civil Society Council and the Foreign Policy Council. The analysis also covers key initiatives in the areas of international security, human rights, cooperation, and trade, highlighting actions such as the National Action Plans on the Women, Peace and Security agenda, gender chapters in trade agreements, and technical cooperation programs. Finally, it explores the formulation of Chile’s Feminist Foreign Policy by examining official documents and identifying convergences with previous initiatives. It concludes that the trajectory of gender mainstreaming in Chilean foreign policy has been a central factor in the adoption and consolidation of the country’s Feminist Foreign Policy.