Pobreza multidimensional nos estados brasileiros: um estudo realizado com o suporte do método Alkire - Foster

Abstract

A mensuração da pobreza a partir de uma perspectiva multidimensional representa um avanço importante para a compreensão das desigualdades no Brasil. Tradicionalmente associada à insuficiência de renda, a pobreza passou a ser analisada por múltiplas dimensões que afetam o bem-estar da população. Este trabalho tem como objetivo mensurar e analisar a pobreza multidimensional nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal a partir da metodologia Alkire-Foster (2009), com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2015). Foram consideradas quatro dimensões: Educação; Renda e Trabalho; Saúde e Condições Sanitárias e Habitação, e nove indicadores compuseram a análise: alfabetização, anos de estudo, emprego, renda, abastecimento de água, esgotamento sanitário, energia elétrica, coleta de lixo e condição de ocupação do imóvel. Com base nesses indicadores, foi calculado o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) para todas as unidades federativas do país, com base nos dados da PNAD de 2015. Os resultados revelaram que os maiores níveis de privação foram observados nos indicadores de anos de estudo, renda e condição de ocupação do imóvel, evidenciando a persistência de desigualdades estruturais que limitam o acesso a uma vida digna. A análise também indicou que os estados da Região Norte e do Nordeste enfrentam os desafios mais significativos no combate à pobreza multidimensional. A análise identificou padrões regionais marcantes: estados como Acre, Maranhão, Pará e Alagoas apresentaram os maiores níveis de privações combinadas, especialmente nos indicadores de acesso à infraestrutura e educação. No entanto, mesmo em regiões consideradas mais desenvolvidas, identificou-se um grau expressivo de privações em diferentes indicadores. Os resultados reforçam a importância de políticas públicas mais amplas, capazes de enfrentar as múltiplas privações enfrentadas pela população brasileira.

The measurement of poverty from a multidimensional perspective represents an important step toward understanding inequality in Brazil. Traditionally associated with income insufficiency, poverty is now analyzed through multiple dimensions that affect the population's well-being. This study aims to measure and analyze multidimensional poverty across Brazil’s 26 states and the Federal District using the Alkire-Foster methodology (2009), based on microdata from the National Household Sample Survey (PNAD, 2015). Four dimensions were considered: Education; Income and Employment; Health and Sanitation; and Housing. The analysis was composed of nine indicators: literacy, years of schooling, employment, income, access to water supply, sanitation, electricity, solid waste collection, and housing occupancy conditions. Based on these indicators, the Multidimensional Poverty Index (MPI) was calculated for all federative units in the country, based on PNAD data from 2015.The results revealed that the highest levels of deprivation were found in the indicators of years of schooling, income, and housing occupancy, highlighting the persistence of structural inequalities that limit access to a dignified life. The analysis also indicated that states in the North and Northeast regions face the most significant challenges in combating multidimensional poverty. Clear regional patterns were identified: states such as Acre, Maranhão, Pará, and Alagoas exhibited the highest levels of combined deprivations, particularly in access to infrastructure and education. However, even in more developed regions, a significant degree of deprivation was observed across various indicators. These findings reinforce the importance of broader public policies capable of addressing the multiple deprivations faced by the Brazilian population.