Abstract:
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O presente trabalho analisa de forma comparativa a infraestrutura ferroviária da China e do
Brasil, com o objetivo de compreender como políticas de investimento e planejamento
estratégico distintos resultaram em diferentes níveis de eficiência logística, desenvolvimento
econômico e integração territorial. Utiliza-se como referencial teórico a teoria do ajuste espacial
de David Harvey, que permite entender as decisões de infraestrutura como formas de absorção
de capital excedente dentro da lógica do capitalismo. A metodologia adotada consiste em
pesquisa bibliográfica e análise de dados históricos, políticos e econômicos, organizados em
uma estrutura comparativa entre os dois países. O estudo revela que a China, por meio de um
planejamento estatal contínuo e investimentos massivos, consolidou uma das maiores e mais
eficientes malhas ferroviárias do mundo, com destaque para os trens de alta velocidade, que
conectam grandes centros urbanos a regiões remotas. Em contrapartida, o Brasil priorizou
historicamente o modal rodoviário, influenciado por interesses industriais e políticos, o que
resultou em uma malha ferroviária limitada, fragmentada e voltada quase exclusivamente para
o transporte de cargas. Observa-se que essa escolha comprometeu a eficiência logística
nacional, aumentou a dependência de combustíveis fósseis e agravou problemas urbanos como
congestionamentos e emissões de poluentes. A pesquisa conclui que, enquanto a China utiliza
o modal ferroviário como ferramenta estratégica de desenvolvimento, o Brasil carece de uma
política coordenada que valorize o transporte ferroviário como eixo estruturante de sua
economia. A análise evidencia a importância de integrar planejamento de longo prazo,
investimentos públicos e visão sistêmica na formulação de políticas de infraestrutura que
promovam crescimento sustentável, equidade territorial e soberania nacional. |