Title: | Avaliação da preferência do usuário sobre os atributos ambientais em um hospital pediátrico de Florianópolis/SC |
Author: | Alves, Julia Medeiros |
Abstract: |
O espaço é o meio onde acontece nossas vidas, com potencial de criar emoções e memórias que influenciam nosso comportamento e até mesmo futuras experiências em espaços semelhantes. Em ambientes hospitalares é comum que o espaço desperte sentimentos de ansiedade e vulnerabilidade. A humanização hospitalar surge como um transformador na área da saúde, buscando resgatar a dimensão humana nos espaços de cuidado. Trata-se de uma abordagem que reconhece o paciente não apenas como um caso clínico, mas como um ser integral, com necessidades físicas, emocionais e sociais. Nos últimos anos, essa concepção vem ganhando força, influenciando desde o projeto arquitetônico dos hospitais até as relações entre profissionais, pacientes e familiares, com o objetivo de criar ambientes mais acolhedores e menos intimidantes. Quando aplicada ao contexto pediátrico, a humanização adquire contornos ainda mais delicados e específicos. Crianças e adolescentes vivenciam a hospitalização de maneira particular. Nesse cenário, os princípios da humanização precisam ser adaptados para contemplar as necessidades próprias do desenvolvimento infantil, criando espaços que amenizem o impacto psicológico da internação. Esta pesquisa teve como objetivo investigar como atributos ambientais abertura, coerência e complexidade influenciam a preferência ambiental e contribuem para a construção de experiências positivas de crianças hospitalizadas e seus acompanhantes em um hospital público pediátrico de Florianópolis/SC.O estudo é de natureza aplicada, de caráter descritivo e exploratório, tendo estudo de caso como procedimento, combinando diferentes métodos: seleção visual e colagens digitais com pacientes e entrevistas semiestruturadas com pacientes e seus respectivos responsáveis legais. A configuração espacial das unidades investigadas, embora funcional para a equipe médica, apresentou problemas críticos: portas estreitas que dificultam a passagem de macas, falta de armazenamento e quartos com muitos leitos, o que compromete tanto a segurança quanto a humanização do cuidado. As observações demonstraram como pacientes, acompanhantes e equipe desenvolvem adaptações criativas para humanizar o espaço, desde a reorganização de móveis até a decoração sazonal com elementos lúdicos como desenhos e objetos pessoais, estratégias que revelam a busca por controle ambiental e manutenção da identidade durante longas internações, corroborando a teoria da territorialidade. Através de métodos participativos, especialmente colagens digitais realizadas com 11 crianças, o estudo identificou preferências marcantes: todas as crianças valorizaram a conexão visual com o exterior através de janelas com cortinas reguláveis e demonstraram predileção por elementos que remetem ao ambiente doméstico, como pisos de madeira e paredes suaves com detalhes coloridos. Os pacientes participantes demonstraram capacidade de articular soluções espaciais que atendessem tanto às suas necessidades emocionais quanto às exigências médicas, especialmente através da técnica de colagem digital. Concluiu-se que é benéfico para o projetista incluir as perspectivas infantis no processo de design de ambientes de saúde, criando espaços que sejam ao mesmo tempo tecnicamente adequados e psicologicamente acolhedores. Abstract: Space is the environment in which our lives take place, with the potential to create emotions and memories that influence our behaviour and even future experiences in similar spaces. In hospital environments it is common for space to arouse feelings of anxiety and vulnerability. Hospital humanisation has emerged as a transformer in the healthcare sector, seeking to rescue the human dimension in care spaces. It is an approach that recognises the patient not just as a clinical case, but as an integral being with physical, emotional and social needs. In recent years, this concept has been gaining momentum, influencing everything from the architectural design of hospitals to relationships between professionals, patients and family members, with the aim of creating more welcoming and less intimidating environments. When applied to the paediatric context, humanisation takes on even more delicate and specific contours. Children and adolescents experience hospitalisation in a particular way. In this scenario, the principles of humanisation need to be adapted to meet the specific needs of children's development, creating spaces that soften the psychological impact of hospitalisation. This research aimed to investigate how environmental attributes openness, coherence and complexity influence environmental preference and contribute to building positive experiences for hospitalised children and their companions in a public paediatric hospital in Florianópolis/SC. The study is of an applied, descriptive and exploratory nature, with a case study as the procedure, combining different methods: visual selection and digital collages with patients and semi-structured interviews with patients and their respective legal guardians. The spatial configuration of the units investigated, although functional for the medical team, presented critical problems: narrow doors that make it difficult for stretchers to pass through, a lack of storage and rooms with too many beds, which compromises both safety and the humanisation of care. The observations showed how patients, companions and staff develop creative adaptations to humanise the space, from reorganising furniture to seasonal decoration with playful elements such as drawings and personal objects, strategies that reveal the search for environmental control and maintaining identity during long hospital stays, corroborating the theory of territoriality. Through participatory methods, especially digital collages made with 11 children, the study identified striking preferences: all the children valued the visual connection with the outdoors through windows with adjustable curtains and showed a predilection for elements reminiscent of the home environment, such as wooden floors and soft walls with colourful details. The participating patients demonstrated the ability to articulate spatial solutions that met both their emotional needs and medical requirements, especially through the digital collage technique. It was concluded that it is beneficial for designers to include children's perspectives in the design process of healthcare environments, creating spaces that are both technically appropriate and psychologically welcoming. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis, 2025. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/267123 |
Date: | 2025 |
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PARQ0566-D.pdf | 3.667Mb |
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