Grupos para homens autores de violência contra mulheres: uma análise das práticas de facilitação

Abstract

A tese aqui apresentada tem por objetivo analisar como se configura a prática dos grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência doméstica e familiar contra mulheres no discurso de quem os facilita. Para tanto, demonstramos primeiramente a pertinência deste estudo no percurso de pesquisa e no campo tanto acadêmico quanto profissional. Em seguida, descrevemos e enquadramos o método da Análise Institucional do Discurso como estratégia de pensamento a ser seguida. Realizamos, na sequência, a análise vertical do discurso de cinco entrevistas com pessoas que facilitam esses grupos há pelo menos cinco anos, para, em seguida, analisar de forma horizontal o material, apresentando conceituações ao estudo da prática. Como resultado, nota-se algumas regularidades discursivas: a sustentação da posição de agente institucional pelo atrelamento entre história de vida e saber; configuração do homem enquanto índice, antagonista e figura igual à facilitação; e a prática em sua relação com o saber, comunidade discursiva e dimensão tática de eficácia. Diante desse desenho do exercício de poder nos grupos, finalizamos com uma breve discussão sobre gênero e ética na facilitação

Abstract: The presented dissertation aims to analyze how the practice of reflective and accountability groups for male perpetrators of domestic and family violence against women is structured in the discourse of their facilitators. To this end, we first demonstrate the relevance of this study within our research trajectory and in both the academic and professional fields. Next, we describe and frame the method of Institutional Discourse Analysis as a guiding analytical strategy. Subsequently, we conduct a vertical analysis of the discourse from five interviews with individuals who have facilitated these groups for at least five years, followed by a horizontal analysis of the material, presenting conceptualizations for the study of the practice. As a result, certain discursive regularities emerge: the reinforcement of the institutional agent position through the connection between life history and knowledge; the framing of men as an index, antagonist, and figure equivalent to facilitation; and the practice in its relationship with knowledge, discursive community, and the tactical dimension of effectiveness. Given this outline of power dynamics within the groups, we conclude with a brief discussion on gender and ethics in facilitation.