Abstract:
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Este trabalho investiga como as personalidades e os traços de liderança dos líderes Jacques Chirac, presidente da França, e Tony Blair, primeiro-ministro do Reino Unido, influenciaram a divergência nas políticas externas de seus países em relação à Guerra do Iraque, iniciada em 2003. O objetivo central da pesquisa foi verificar se diferenças nas características pessoais desses líderes explicam suas decisões divergentes, com a França adotando uma posição incisivamente contrária à intervenção militar liderada pelos Estados Unidos, enquanto o Reino Unido ofereceu um apoio ativo e alinhado à estratégia norte-americana. A metodologia empregada foi a Análise de Traços de Liderança (Leadership Trait Analysis - LTA), baseada em análises quantitativas e qualitativas de pronunciamentos públicos dos líderes estudados. Para o caso de Tony Blair, a pesquisa utilizou análises prévias, enquanto para Jacques Chirac foi conduzida uma análise original através do software Profiler Plus, que avaliou quantitativamente os sete traços da LTA: crença na capacidade de controlar eventos, complexidade conceitual, necessidade de poder, desconfiança nos outros, viés pró-grupo, autoconfiança e orientação para tarefas. Os resultados indicaram que as características individuais dos líderes são elementos explicativos relevantes para compreender suas diferentes posturas durante a crise iraquiana. Blair, caracterizado como um líder carismático, mostrou forte alinhamento com os Estados Unidos motivado por uma combinação de convicções morais e estratégicas. Por outro lado, Chirac apresentou um perfil acomodativo e relacional, marcado pelo compromisso com a autonomia estratégica da França e pela defesa da legitimidade internacional via multilateralismo, manifestando oposição incisiva à guerra e rejeitando uma intervenção militar sem aval explícito das Nações Unidas. A pesquisa concluiu que as diferenças nas personalidades e nos estilos de liderança de Chirac e Blair tiveram papel determinante na divergência entre França e Reino Unido na Guerra do Iraque, ressaltando a importância da análise psicológica dos líderes para o entendimento de decisões cruciais em política externa. |