Abstract:
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Defendo a tese de que o sofrimento no trabalho da enfermagem é superdimensionado, muitas vezes potencializado pelas cargas do cotidiano social do indivíduo em sua vida de relações, o que se configura num deslocamento de sentido, ou seja, numa desarticulação entre sua origem concreta e aquela evidenciada pelos trabalhadores. Nesta pesquisa de abordagem qualitativa, utilizei a entrevista semi-estruturada como instrumento para a coleta de dados. A análise teve por base quatro matrizes construídas a partir dos mitos de Apolo, Prometeu, Dioniso e Narciso. O estudo evidenciou a afirmação contida na tese, embora a dificuldade encontrada pela não percepção das pessoas, que poucas vezes param para pensar em questões como esta. Mostrou, também, que o cotidiano destes trabalhadores é atribulado pelo ritmo intenso imposto pela necessidade de conciliar mais de um trabalho e pela corrida frenética na tentativa de não deixar nada para atrás. Aponto para a necessidade de construção de uma práxis reflexiva, relativa ao sofrimento e prazer no trabalho da enfermagem que, acredito, se configura como uma possibilidade concreta para a vivência destas sensações no trabalho e na vida, de modo geral. |