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Este trabalho divide-se em três partes que tratam das duas vias políticas pelas quais NABUCO transitou. A primeira centra-se fundamentalmente num estudo preliminar sobre o desenvolvimento sócio-político brasileiro do período histórico que compreende principalmente o governo de D.Pedro II, passando pela transição republicana. Procura caracterizar o lento processo de desenvolvimento econômico nacional que não desencadeou o desenvolvimento clássico burguês da sociedade e das relações políticas. Muito pelo contrário, a base de todo sistema político era o patrimonialismo, em que os valores privados e particulares determinavam os valores públicos: a coisa pública era tratada como particular. A segunda parte, por sua vez, focaliza propriamente uma das questões tratadas pelo trabalho, qual seja, a do abolicionismo em NABUCO. A abolição dos escravos foi o móvel que o levou a produzir uma avançada teoria da sociedade, passando pela crítica ao poder centralizado e absoluto. Entendia ele que não poderia surgir o chamado cidadão sem que já existisse o trabalhador e trabalhador livre. O trabalho escravo, ao contrário, podava pela raiz o desenvolvimento do espaço político próprio à discussão e apresentação de idéias e promoção das mudanças. O empreendimento dessa mudança passaria, naturalmente, pelo Estado, pelo poder organizado, sem contudo prevalecer à ação da sociedade. Porém, isto era impraticável, na medida em que a única força organizada na Nação era exatamente o Estado. Por isso, qualquer transformação deveria passar necessariamente pelo Estado, e um Estado, no caso do Brasil, irremediavelmente aliado à uma classe dominante atrasada. A terceira parte enfoca a tentativa de superação da crise pela qual passava o Brasil, bem como o próprio pensador. É a via americanista, o caminho político onde deveriam transitar todos os países americanos em busca de um futuro comum, livre e desenvolvido. Esse processo de união, porém, seria lento e muito difícil, principalmente por causa da posição privilegiada que, naturalmente, tomariam os USA. Este, aliás, em nome da segurança continental, organiza a Doutrina Monroe, instrumento que deveria ser usado na implementação da aproximação internacional e não do inverso. Do estudo resta a importante lição teórico-prática de um autor que disse verdades que servem ao Brasil de hoje. A teoria implementava o caminho, a prática desenvolvia a vontade de caminhar. É esta relação que, desembocando numa permanente busca do ideal, permite que um liame fundamental ligue os dois momentos da vida de NABUCO: sua busca, através da transformação educativa e tolerante, de um modelo que empreendesse a liberdade e a fraternidade entre os homens. Enfim, é a sua política (estética) da emancipação de toda a sociedade. |
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