dc.description.abstract |
O presente trabalho pretende apontar a existência de uma possível relação entre estabelecer um
Estado Plurinacional, como expressão de práticas de povos indígenas, com a perspectiva de
emancipação universal, o socialismo. Para compreender tal relação foi feita uma pesquisa
bibliográfica com diversos autores, para então realizar uma síntese teórica, em um debate
reflexivo, das principais questões. Adota-se como pressuposto que toda teoria social responde
a algum propósito, é por isso que essa se coloca como uma análise crítica que busca, ao
compreender a realidade e suas contradições, a possibilidade de apontar caminhos que levem
além da exploração capitalista existente. Para realizar o trabalho, foi primeiro necessário
compreender os pontos fundamentais do Estado-nação na América Latina, observando seu
contexto histórico e social no qual se deu sobre relações sociais de exploração, oprimindo os
povos e nações originárias do continente. A construção do Estado-nação foi condicionada de
acordo com a expansão e desenvolvimento do capitalismo mundial, o que resultou em um
contexto específico na formação socioeconômica do continente, com uma complicada
vinculação entre sociedade e Estado, e com a questão étnica inserida de modo relevante na
complexidade das relações de classe. Assim, a pesquisa trata das diferentes formas civilizatórias
que existem com os povos originários, com organizações sociais e políticas que não seguem a
uma lógica capitalista, mas que não estavam legitimadas historicamente pelo Estado. A partir
disso, entra-se em um debate sobre as possibilidades do sujeito indígena como sujeito histórico
emancipador. É abordada a ideia da capacidade indígena com uma práxis política baseada em
suas próprias formações sociais de caráter comunitário, como exemplo o Bem Viver, o sujeito
indígena passando, então, a atuar como sujeito político com força social, que pôde reivindicar
uma forma de Estado plurinacional. Busca-se argumentar que tal mudança ocorre com a
construção de uma nova hegemonia através de um bloco dirigente, que se relaciona com o
movimento popular indígena, alterando as instituições estatais e potencializando novas ideiasforça
baseadas em sua própria visão de mundo. Além, portanto, da plurinacionalidade se
configurar como outro formato de nação, composto de modo plural, e de se relacionar em um
debate político sobre a forma de Estado, ela implica uma nova hegemonia que faz frente ao
domínio neoliberal na região. Trata-se, pois, de uma análise da transformação desde o Estado,
que altera relações sociais colonizadas e passa a legitimar perspectivas societárias indígenas
inserindo-as na estrutura institucional, o que possibilita pensar uma diferente organização
econômico-social com fundamentos democráticos e anticapitalistas. |
pt_BR |