As interações entre cego e videntes em atividades experimentais de química e relações com as compreensões discentes sobre a cegueira

Abstract

Nesta pesquisa busca-se analisar como se caracterizam as interações entre cego e videntes que emergem no contexto de atividades experimentais de Química no Ensino Fundamental e possíveis associações dessas interações com as compreensões de discentes a respeito da cegueira. Analisa-se as interações desenvolvidas em uma turma do 7º ano do ensino fundamental (estudo piloto) e posteriormente, em uma turma do 8º ano do ensino fundamental. Parte das informações qualitativas esteve centrada em um pequeno grupo das referidas turmas, constituído por três estudantes videntes e uma cega com a utilização de registros audiovisuais durante o momento de interação nas quatro atividades experimentais desenvolvidas. Outras informações concernentes as compreensões de cegueira, foram obtidas com duas entrevistas semiestruturadas realizadas com o grupo investigado em momentos anteriores e posteriores às intervenções. Como metodologia analítica, apoiou-se na análise textual discursiva, após a transcrição dos registros. A proposta metodológica para as atividades experimentais, inspirada em Biagini (2015), pôde ser acrescida de novas características, que de acordo com as contribuições do piloto, se mostraram imprescindíveis no reconhecimento das características dos discentes, em especial da estudante cega e em relação à dinâmica do trabalho em grupo. Reconhece-se que o desenvolvimento das atividades experimentais proporcionaram diferentes aprendizagens para os discentes, o que compreendemos como algo positivo para as suas formações. Dentre os resultados, pontua-se alguns elementos que favoreceram certos tipos de interação, sejam eles, referentes à: metodologia incentivada, atuação da pesquisadora, características intrínsecas aos discentes e algumas que parecem ser atreladas às compreensões de cegueira. Assim, destacam-se traços de relação entre as interações sociais e compreensões de cegueira. Por outro lado, outros fatores parecem se sobrepor às compreensões de cegueira, e assim, sustentarem as interações sociais destacadas ao longo do desenvolvimento das atividades experimentais.

Abstract: This research seeks to analyze how the interactions between the blind and seers are characterized that emerge in the context of experimental activities of Chemistry in Elementary School and possible associations of these interactions with the understandings of students regarding blindness. The interactions developed in a class of the 7th year of elementary school (pilot study) and later in a class of the 8th year of elementary school are analyzed. Part of the qualitative information was centered on a small group of the aforementioned classes, consisting of three visionary students and a blind student with the use of audiovisual records during the moment of interaction in the four experimental activities developed. Other information concerning the understanding of blindness was obtained with two semi-structured interviews carried out with the investigated group at moments before and after the interventions. As an analytical methodology, it relied on discursive textual analysis, after the transcription of the records. The methodological proposal for experimental activities, inspired by Biagini (2015), could be added to new characteristics, which, according to the pilot's contributions, proved to be essential in recognizing the characteristics of the students, especially the blind student and in relation to the dynamics of group work. It is recognized that the development of experimental activities provided different learning for students, which we understand as something positive for their training. Among the results, some elements that favored certain types of interaction are pointed out, whether they are related to: methodology encouraged, researcher's performance, characteristics intrinsic to the students and some that seem to be linked to blindness understandings. Thus, traces of the relationship between social interactions and blindness understandings stand out. On the other hand, other factors seem to overlap with blindness understandings, and thus, support the social interactions highlighted throughout the development of experimental activities.