Abstract:
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Introdução: A parturição é um processo importante na vida da mulher, com grande potencial transformador. Situações de violência obstétrica e desrespeito às escolhas da mulher ainda acontecem no Brasil. O processo de parturição possui incertezas e conflitos decisionais. Tais incertezas são mais prováveis quando a pessoa é confrontada com decisões envolvendo riscos ou desfechos incertos; quando escolhas de alto-risco com significativo potencial de perdas e de ganhos estão envolvidas. Objetivo: Analisar o processo de tomada de decisão da gestante brasileira durante o trabalho de parto e o parto. Método: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura que seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA) Para o levantamento dos artigos, a estratégia de busca foi construída por meio de um protocolo. A partir da consulta dos descritores ‘parto’, ‘tomada de decisão/autonomia pessoal/participação do paciente’ e ‘gestantes’, na plataforma descritores em ciências da saúde (DECS), foram obtidos os termos alternativos e sinônimos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. As bases de dados consultadas foram CINAHL, BVS, Lilacs, SciELO, Scopus, Pubmed e Web of Science. Os critérios de inclusão foram artigos científicos que contemplassem o tema, publicados em inglês, espanhol e português, disponíveis em texto completo on line, ambientados no Brasil, entre 2015 e 2019. Foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin para exame das informações. Resultados: Aplicando-se o protocolo de busca, a amostra da literatura revisada no presente estudo foi constituída por 65 artigos científicos. A análise de conteúdo permitiu obter três categorias: Fatores que interferem na tomada de decisão da mulher durante o trabalho de parto e o parto; Plano de parto, documento utilizado pela mulher para a tomada de decisão durante o trabalho de parto e o parto; Processo de tomada de decisão nos cenários de trabalho de parto e de parto. Discussão: Observou-se que, os artigos analisados discorrem sobre condutas profissionais, boas práticas e técnicas realizadas no momento do trabalho de parto e parto. Destacaram-se as boas práticas que promovem condições para que as mulheres possam ter seu direito de escolha respeitado, vivendo um processo de tomada de decisão de acordo com seus desejos e valores. Fatores como a ambiência, a implementação de Centros de Parto Normal, o respeito à escolha da mulher com relação ao acompanhante, o incentivo a um pré-natal que informe e prepare a mulher para a parturição, as técnicas não farmacológicas de alívio da dor, o plano de parto, as condutas respeitosas por parte dos profissionais, além da valorização da enfermagem obstétrica, como especialidade profissional, preparada para a assistência ao parto de risco habitual, mostraram-se favoráveis ao protagonismo feminino. Conclusão: Observou-se, contudo, que mesmo com boas práticas já acontecendo pontualmente, a assistência da maior parte das instituições brasileiras está distante das políticas públicas nacionais e das principais diretrizes e orientações nacionais e internacionais, limitando a tomada de decisão da mulher durante o trabalho de parto e o parto. |