Abstract:
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A composição dos óleos vegetais, com predominância de triacilglicerois contendo ácidos graxos insaturados, os torna susceptíveis a oxidação na presença de oxigênio. Para prevenir tais reações, que ocasionam perda de qualidade, valor nutricional e formação de compostos tóxicos, são utilizados antioxidantes. Os sintéticos são os mais empregados em óleos pela maior estabilidade e menor custo, sendo principalmente o terc-butil-hidroquinona (TBHQ). Quando consumidos em excesso, esses compostos fenólicos sintéticos podem ocasionar riscos para a saúde. O objetivo desse trabalho foi realizar uma prospecção científica e tecnológica sobre o potencial uso de extratos vegetais como antioxidantes naturais em óleos vegetais. Para tal, foi realizado um levantamento de publicações científicas nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science (busca simples associada aos termos antioxidant, plant extract e vegetable oil) e uma prospecção tecnológica baseada em documentos de patentes recuperados das bases de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e do Escritório Europeu de Patentes (Espacenet), (busca avançada utilizando os termos antioxidant, plant, extract, oil e códigos da classificação internacional de patentes (CIP) C11B 5/00 e A23D 9/06). Na literatura científica, foram encontrados 1081 artigos, porém apenas 14 estudos atendiam ao objetivo deste trabalho, e tratavam sobre a obtenção de extratos vegetais com solventes polares (metanol, etanol ou acetona), ricos em compostos fenólicos, aplicados com função antioxidante em óleo de soja (extratos de semente e casca de uva, folha de oliveira, alecrim, gergelim, gengibre e semente de limão), óleo de girassol (extratos de tomilho, torta de gergelim, cevada e coentro) e óleo de canola (extratos de casca de batata, resíduo de tomate, alecrim, tomilho, sálvia, louro e farelo de trigo), demonstrando eficácia contra a oxidação lipídica dependendo da concentração aplicada. A obtenção desses extratos é influenciada por múltiplos fatores, como as variedades de vegetais e condições de extração, o que associados a necessidade de investigar as doses máximas seguras para consumo, tendem a dificultar a aplicação industrial. Na prospecção tecnológica foram resgatados 72 documentos de patentes no Espacenet e 19 no INPI. Os países com mais depósitos são Estados Unidos (25%) e China (24%) e os maiores detentores das tecnologias associadas a antioxidantes naturais são empresas privadas (89%), com quase metade dos depósitos relacionados com alimentos (46%). Somente 8 dessas patentes tratavam da aplicação de extratos vegetais como antioxidantes em óleos. Considerando o total de artigos e patentes recuperados neste trabalho, as pesquisas científicas estão mais avançadas (1081) do que a proteção da tecnologia (91) relacionada aos antioxidantes naturais. Porém, quando comparados estudos (14) e depósitos (8) com aplicação de extratos vegetais aplicados a óleos mais comuns, excluindo-se blends, a diferença é menor, indicando investimentos mais próximos. Foi possível concluir que extratos fenólicos de diferentes vegetais possuem potencial para aplicação como antioxidantes naturais em óleos vegetais, e que já existem depósitos de patentes para a proteção da tecnologia associada a esses extratos, em especial o de alecrim. Entretanto, é necessário investigar os aspectos toxicológicos relacionados a sua aplicação afim de definir doses máximas seguras para o consumo. |