Alice no país da colaboração: pensamentos algébricos nos anos iniciais do ensino fundamental

Abstract

Esta pesquisa investiga a práxis colaborativa entre duas professoras pesquisadoras alfabetizadoras ao estudar, planejar, sistematizar, desenvolver estratégias formativas para o ensino da álgebra em uma turma de primeiro ano do ensino fundamental. Compreendemos esta pesquisa como uma teia de ideias entrelaçadas, presentes no cotidiano da vida de cada uma das coprodutoras, envolvidas em investigar perspectivas colaborativas em práticas compartilhadas no desenvolvimento do pensamento algébrico nos anos iniciais do ensino fundamental. Essas ideias dialogam por meio das vozes e dos silêncios, carregadas de emoções, de sentimentos, revelando atitudes, constituídas na história pessoal, social e profissional de cada uma de nós cocriadoras desta pesquisa, dentro da dimensão colaborativa. Para dialogar com a escrita trazemos a história de Alice no País das Maravilhas, que marcou boa parte da infância e juventude auxiliando a compreender os caminhos e (des)caminhos da vida. Alice faz parte, pertence a pesquisa, está entrelaçada na subjetividade da pesquisadora-professora autora. O desejo do fazer-junto na produção de saberes científicos e a busca pela (auto)formação em um movimento contrário a lógica usual, se faz em pesquisa no encontro de vidas de mulheres entrelaçadas com suas subjetividades, que ocorre na paisagem social em que vivemos como mulheres, professoras e pesquisadoras, em um contexto no qual a práxis educativa adquire sentido experiencial, conforme Dewey (1978). Assim, duas mulheres professoras de anos iniciais e pesquisadoras (uma de mestrado e outra de doutorado), ao trilharem uma jornada na pesquisa colaborativa, compartilharam suas práxis educativas, trazendo a luz suas vidas entrelaçadas, tendo por objetivo investigar como se dá o processo formativo das pesquisadorasprofessoras durante um trabalho colaborativo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ao planejar, desenvolver e analisar situações de ensino envolvendo o pensamento algébrico numa turma de primeiro ano do Ensino Fundamental. Para nos ajudar a compreender e entender o processo formativo no movimento da colaboração, constituímos três unidades de análise: identificar as possíveis contribuições da colaboração no processo de construção deste trabalho colaborativo; identificar os aspectos da colaboração no movimento de planejar, bem como replanejar, estudar, desenvolver e analisar situações de ensino e de aprendizagem dos estudantes nas ações pedagógicas entre as professoras-pesquisadoras, visando os processos de alfabetização e desenvolvimento do pensamento algébrico; e identificar os aspectos da colaboração na aprendizagem compartilhada das professoras-pesquisadoras e crianças. Para que pudéssemos evidenciar a experiência colaborativa vivida na pesquisa, bem como as histórias que marcam nossas vidas, focamos em maneiras distintas de compor os dados da pesquisa, ou seja, diferentes formas de registros (áudio, vídeo e escrito), bem como diferentes instrumentos (entrevista narrativa, narrativas orais, registros dos estudantes e diário de campo). A abordagem metodológica e a escrita da pesquisa são narrativas, de acordo com Bolívar, Domingo e Fernández (2001) e Clandinin e Connelly (2015). Nossas ideias finais apontam que as possíveis contribuições ocorrem quando os sujeitos estão disponíveis a colaborar; que o aprender-fazer entre duas pedagogas se fez no contexto do planejamento, interrelacionando conteúdos e áreas (aspectos da polivalência) e todos os envolvidos ? crianças e professoras; e que o movimento colaborativo proporcionou ousadia, empoderamento dos seus saberes e não saberes, possibilitando avançar no conhecimento do conteúdo matemático, pedagógico do conteúdo e sobre si mesmas.

Abstract: This research investigates the collaborative praxis between two literacy teacher-researchers who study, plan, systematize and develop formative strategies for teaching algebra in a firstyear elementary school class. We understand this research as a web of intertwined ideas, present in the daily life of each of the co-producers, involved in investigating collaborative perspectives on shared practices in the development of algebraic thinking in the early years of elementary school. These ideas dialogue through voices and silences, loaded with emotions, feelings, which reveal attitudes, constituted in the personal, social and professional history of each one of us co-creators of this research, within the collaborative dimension. To dialogue with the writing, we bring the story of Alice in Wonderland, which marked a good part of childhood and youth, helping us to understand the paths and (mis)paths of life. Alice is part, belongs to the research, is intertwined in the author-researcher-teacher's subjectivity. The desire to do-together in the production of scientific knowledge and the search for (self) training in a movement contrary to the usual logic, is done in research into the encounter of women's lives intertwined with their subjectivities, that happens in the social landscape in which we live as women, teachers and researchers, in a context in which educational praxis acquires an experiential meaning, according to Dewey (1978). Thus, two women teachers of early years and researchers (one for a master's and the other for a doctorate), on a journey in collaborative research, shared their educational praxis, bringing to light their intertwined lives, aiming to investigate how the training process takes place of researcher-teachers during a collaborative work in the early years of elementary school, when planning, developing and analyzing teaching situations involving algebraic thinking in a first-year class of elementary school. To help us to understand the formative process in the collaboration movement, we have constituted three units of analysis: identifying the possible contributions of collaboration in the construction process of this collaborative work; identify the aspects of collaboration in the movement of planning, as well as re-planning, studying, developing and analyzing teaching and learning situations of students in pedagogical actions among teacher-researchers, aiming at literacy processes and the development of algebraic thinking; and identify the aspects of collaboration in the shared learning of teachers-researchers and children. So that we could highlight the collaborative experience lived in the research, as well as the stories that mark our lives, we focused on different ways of composing the research data, in other words, different forms of recording (audio, video and writing), as well as different instruments (narrative interview, oral narratives, student records and field diary). The methodological approach and writing of the research are narratives, according to Bolívar, Domingo and Fernández (2001) and Clandinin and Connelly (2015). Our final ideas point out that possible contributions occur when subjects are available to collaborate; that the learning-to-do between two pedagogues took place in the context of planning, interrelating contents and areas (aspects of versatility) and all those involved ? children and teachers; and that the collaborative movement provided boldness, empowerment of knowledge and non-knowledge, making it possible to advance in the knowledge of mathematical content, pedagogical content and about themselves.