Narrativas de professoras que atuam no contexto da educação matemática inclusiva para estudantes com deficiência visual

Abstract

O presente estudo tem como pergunta de pesquisa ?Quais estratégias e materiais manipulativos professoras de matemática, de educação especial e bidocentes utilizam para incluir e ensinar matemática a estudantes com deficiência visual?? A fim de atender ao objetivo geral de ?compreender, a partir da perspectiva de Professores que Ensinam Matemática, como materiais manipulativos acessíveis a estudantes cegas ou com baixa visão tornam possível a execução de aulas inclusivas? e aos objetivos específicos ?identificar aspectos da formação de professores que favorecem o ensino de Matemática a estudantes com deficiência visual; compreender como experiências docentes voltadas para estudantes com deficiência podem contribuir para uma percepção mais ampla de educação inclusiva; conhecer e divulgar práticas inclusivas interessantes e inspiradoras de professoras?. Foi utilizada como método de produção de dados a Entrevista Narrativa proposta por Schütze (2013) com seis participantes, dentre elas, três professoras de matemática, duas bidocentes (professoras que acompanham, em todas as aulas, as turmas que tem estudante público alvo da educação especial) e uma professora do atendimento educacional especializado. Todas trabalham diretamente com duas estudantes cegas do oitavo ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Erechim-RS. Uma dessas estudantes apresenta também deficiência intelectual. O referencial teórico que embasa a pesquisa são os Estudos sobre Deficiência. Também foi realizada uma revisão bibliográfica de teses e dissertações que versam sobre educação matemática inclusiva e deficiência visual. Pelo que foi observado nas pesquisas da revisão bibliográfica, a maioria dos trabalhos sobre deficiência visual e educação matemática utilizam, desenvolvem ou citam materiais manipulativos. No entanto, nas narrativas das professoras esses materiais não apresentaram o mesmo destaque, sendo utilizados com mais frequência no atendimento educacional especializado e não tanto na sala de aula regular. Ainda por meio da análise das entrevistas narrativas foi observado um grande esforço por parte das professoras e da escola para criar um ambiente acessível, inclusivo e acolhedor para as estudantes cegas. Relacionando as pesquisas com as entrevistas, inferimos que existem muitos jogos e materiais manipulativos interessantes para utilizar no ensino de matemática para estudantes cegas, entretanto esses recursos nem sempre estão disponíveis nas escolas. Dessa forma, as professoras buscam outras estratégias de ensino, como cálculo mental e registro em braile ou com cola relevo. Por fim, constatamos que, mesmo que os recursos sejam poucos, as professoras continuam com intencionalidade de ensinar e acreditam no potencial das estudantes, sem focar nas limitações da deficiência.

Abstract: The present study has as its research question ?Which manipulative strategies and materials do mathematics, special education and bidocent teachers use to include and teach mathematics to students with visual disability?? In order to meet the general objective of ?understanding, from the perspective of Teachers Who Teach Mathematics, how physical manipulatives accessible to blind or low-vision students make it possible to carry out inclusive classes? and the specific objectives ?identify aspects of teacher training that favor the teaching of mathematics to students with visual impairments; understand how teaching experiences aimed at students with disabilities can contribute to a broader perception of inclusive education; knowing and disseminating interesting and inspiring inclusive practices of teachers?. As a method of data production, the Narrative Interview proposed by Schütze (2013) was used with six participants, among them, three mathematics teachers, two bidocentes (teachers who accompany, in all classes, the classes that have a target public student of education special) and a teacher of specialized educational services. All of them work directly with two blind students in the eighth year of Elementary School at a municipal school in Erechim-RS. One of these students also has an intellectual disability. The theoretical framework on which the research is based is the Studies on Disability. A bibliographic review of theses and dissertations that deal with inclusive mathematics education and visual impairment was also carried out. From what was observed in the literature review research, most works on visual impairment and mathematics education use, develop or cite manipulative materials. However, in the teachers' narratives, these materials did not present the same prominence, being used more frequently in specialized educational services and not so much in the regular classroom. Also through the analysis of the narrative interviews, a great effort was observed on the part of the teachers and the school to create an accessible, inclusive and welcoming environment for blind students. Relating the research with the interviews, we infer that there are many interesting games and manipulative materials to use in teaching mathematics to blind students, however these resources are not always available in schools. In this way, teachers seek other teaching strategies, such as mental calculation and registration in Braille or with embossed glue. Finally, we found that, even if the resources are few, the teachers continue with the intention of teaching and believe in the potential of the students, without focusing on the limitations of the disability.